Ramagem mandou fazer relatório para desacreditar urnas eletrônicas
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para produzir relatórios com fake news sobre as urnas eletrônicas.
Um relatório, produzido sob ordem do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem, tenta dar força para mentiras que já circulavam nas redes sociais.
O relatório tentava relacionar o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), fundador da Positivo, com uma conspiração nas urnas eletrônicas. Ele deixou a empresa em 2012.
A Positivo tem contratos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a Positivo.
Segundo a fake news bolsonarista, Oriovisto era suspeito por ter participado do movimento estudantil e tinha origem na esquerda.
Um oficial da Abin encaminhou para outro funcionário da agência uma postagem enviada pelo “DG”, se referindo a diretor-geral, que era Ramagem.
A mensagem dizia: “para análise da situação da empresa e a possibilidade de interferência”.
Em outra mensagem, falou: “Lembrando que a POSITIVO sempre foi vermelha. Chegou a oferecer a Lula, quando presidente, computadores pela metade do preço, a fim de levar informática às escolas. Mas a intenção era outra”.
No relatório, que círculou no WhatsApp, o senador Oriovisto aparece como sendo “atualmente de centro-direita com origens no movimento trabalhista (esquerda)”.
“Na juventude participou de movimento estudantil e organização marxista, sendo preso pelo regime militar”, continua.
Esse relatório informal e ilegal foi produzido somente para fazer coro com as fake news e teorias da conspiração que já existiam sobre as urnas eletrônicas.
O ex-presidente Bolsonaro se empenhava pessoalmente na disseminação dessas mentiras.
Segundo a Polícia Federal, que descobriu o relatório, “o evento relacionado aos ataques às urnas, portanto, reforça a realização de ações de inteligência sem os artefatos motivadores, bem como acentuado viés político em desatenção aos fins institucionais da Abin”.
O senador Oriovisto disse que o relatório da Abin “é uma tolice”. “Tenho 78 anos e estão falando de 1968, quando fiz parte do movimento estudantil. Isso, para mim, atesta a incompetência do serviço de informação, porque dão informação errada a quem estão dando”.
Fonte: Página 8