Destruição em Hawara, Cisjordânia, perpetrada pelos colonos fascistas israelenses | Foto: Ronaldo Schmidt/AFP

A expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia que aumentaram nos últimos anos, em linha com os despejos forçados e as demolições de casas palestinas, constitui um crime de guerra de acordo com o direito internacional e ameaça eliminar qualquer possibilidade prática de um Estado palestino viável, afirmou Volker Türk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, na sexta-feira (8).

O relatório foi apresentado no Conselho de Direitos Humanos em Genebra dois dias depois das autoridades israelenses terem avançado no processo de aprovação para a construção de 3.476 novas casas para colonos em três assentamentos na Cisjordânia: 694 casas em Efrat, 2.452 em Mahale Adumim e 330 em Kedar.

“Essas transferências constituem um crime de guerra pelo qual os envolvidos podem incorrer em responsabilidade criminal individual”, alertou Türk.

O informe registra que entre 1 de novembro de 2022 e 31 de outubro de 2023, 24.300 casas habitadas por colonos foram adicionadas aos assentamentos israelenses na Cisjordânia, o maior número desde que esta contagem começou em 2017.

A Cisjordânia é um território palestino sem saída para o mar perto da costa mediterrânea do Levante, que faz fronteira com a Jordânia e o Mar Morto ao leste e com Israel ao sul, oeste e norte. Sob ocupação israelense desde 1967, a área está dividida em 160 enclaves palestinos sob governo civil parcial da Autoridade Nacional Palestina e 230 assentamentos israelenses.

ÚNICA SOLUÇÃO POSSÍVEL É FIM DA OCUPAÇÃO

O aumento de atos violentos contra palestinos civis naquela área após 7 de Outubro também foi denunciado no informe, com pelo menos 603 casos confirmados nos últimos cinco meses em que 405 pessoas morreram: 396 nas mãos das forças de segurança israelenses. Nestes ataques, 1.222 palestinos foram expulsos à força das suas casas, incluindo 592 cujas casas foram demolidas sob o argumento de que não tinham licenças de construção, quase impossíveis de obter, mostrou o relatório.

“A violência e os abusos dos colonos atingiram novos níveis chocantes, arriscando eliminar qualquer possibilidade prática de estabelecer um Estado palestino viável”, assinalou Türk. “Estas ações de Israel contra a população palestina devem parar imediatamente. A única forma possível é uma solução pacífica que ponha fim à ocupação, estabeleça um Estado Palestino e garanta o cumprimento dos direitos fundamentais da sua população”, sublinhou.

UNIÃO EUROPEIA CONDENA ASSENTAMENTOS

O Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, detalhou que Israel concedeu 18.515 novas licenças de construção a colonos na Cisjordânia desde o ano passado, sendo criticado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa setores da Cisjordânia, argumentando numa declaração que “os assentamentos são ilegítimos e ilegais à luz do direito internacional e constituem um fator na continuação do conflito e no ciclo de guerras e violência, bem como uma ameaça à segurança e estabilidade da região”. “Pedimos sanções internacionais dissuasivas sobre todo o sistema racista de assentamento colonial e a imposição de sanções contra Smotrich e (o ministro israelense da Segurança Nacional) Itamar Ben Gvir”, sublinhou.

A União Europeia também condenou a construção dessas moradias. “É completamente inconsistente com os esforços para reduzir as tensões na atual guerra em Gaza”, afirmou o bloco regional num comunicado, chamando o governo israelense para reverter urgentemente a decisão que adotou e insistindo que os assentamentos são ilegais de acordo com o direito internacional.

As forças de ocupação israelenses cometeram um total de 10 massacres contra famílias na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, resultando na trágica morte de 82 palestinos e deixando outros 122 feridos, segundo relatórios do Ministério da Saúde do enclave, no sábado (09).

As autoridades de saúde locais confirmaram que o número de mortos desde 7 de Outubro aumentou para 30.960 vítimas palestinas, com mais 72.524 pessoas feridas. Colonos apoiados por Netanyahu expulsaram 1.222 palestinos da Cisjordânia em 5 meses.

Fonte: Papiro