"Esses exercícios exibem a postura de Guerra Fria dos EUA", aponta o vice-chanceler russo, Alexander Grushko | Foto: Tass

A Rússia denuncia como “provocativos” os exercícios militares da OTAN que ocorrem desde a segunda-feira (4) e previstos para seguirem até a sexta-feira (15) na fronteira norte da Rússia.

A advertência veio através do vice-chanceler, Alexander Grushko, o qual alertou que toda a movimentação “está sendo acompanhada de perto” pelo governo russo.

“Qualquer exercício destas dimensões, especialmente na proximidade geográfica da linha de contacto, aumenta o risco de incidentes militares”, sublinhou.

Nesse sentido, indicou que “foram tomadas todas as medidas necessárias” para garantir “a capacidade defensiva” da Rússia.

MOBILIZAÇÃO TERÁ 20.000 SOLDADOS

Os exercícios denominados Nordic Response 2024 contam com a participação de mais de 20 mil soldados de 13 países, sendo 4 mil deles finlandeses e acontecerão de 4 a 15 de março em regiões da Finlândia, Noruega e Suécia. Além destes três países, estão envolvidos a Bélgica, o Reino Unido, o Canadá, a Dinamarca, a França, a Alemanha, a Itália, os Países Baixos, a Espanha e os Estados Unidos.

“Pela primeira vez, a Finlândia participará como nação membro da OTAN no exercício de defesa coletiva das regiões da aliança”, afirmaram as Forças de Defesa Finlandesas num comunicado citado pela AP, se orgulhando de sua subserviência à política dos Estados Unidos.

A Finlândia tornou-se oficialmente o 31º membro da OTAN em 4 de abril de 2023. A sua entrada na aliança militar liderada por Washington representa um rompimento da posição de neutralidade que o país manteve por décadas para não prejudicar as relações com a União Soviética e depois com a Rússia.

Cerca de metade dos militares ensaiarão manobras em terra, enquanto o restante treinará no mar. Mais de 100 aeronaves de combate, aeronaves de transporte, aeronaves de vigilância marítima e helicópteros participarão dos exercícios, além de mais de 50 submarinos, fragatas, corvetas, porta-aviões e diversos navios anfíbios.

Os exercícios da OTAN Steadfast Defender 2024, os maiores das últimas décadas, indicam o retorno final da aliança imperial aos métodos da Guerra Fria, advertiu o Ministério das Relações Externas da Rússia, que também sublinhou que tais provocações não intimidam Moscou, que tem todos os recursos para garantir sua segurança e defesa.

O Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Aliadas da OTAN na Europa, o general norte-americano Christopher Cavoli, anunciou que “o exercício Steadfast Defender 2024 durará até ao fim de maio”, estendendo-se depois dessa etapa nórdica. Ele acrescentou que durante o STDE24 será dada especial atenção à transferência de tropas norte-americanas dos EUA para a União Europeia.

“Estes exercícios são outro elemento da guerra híbrida desencadeada pelo Ocidente contra a Rússia. Um exercício desta envergadura – 90 mil efetivos (no conjunto das mamobras) e com a participação de 31 países – marca o regresso final e irrevogável da OTAN aos esquemas da Guerra Fria, quando o processo de planejamento militar, os recursos e as infra-estruturas estão orientados para o confronto com a Rússia”, disse o vice-chanceler Alexander Grushko em entrevista à RIA Novosti.

“Quaisquer eventos desta escala aumentam significativamente o risco de incidentes militares e desestabilizam ainda mais a situação de segurança”, assinalou Grushko. Mas – observou – os interesses da segurança europeia hoje pouco preocupam os que estão no topo da OTAN: “o principal para eles é manter este instrumento de influência americana à tona na luta já perdida para manter a hegemonia ocidental no mundo”.

Fonte: Papiro