EUA veta na ONU condenação de Israel por matar mais de 100 palestinos famintos
Os Estados Unidos vetaram nesta quinta-feira (29) uma declaração proposta pela Argélia e apoiada por 13 membros do Conselho de Segurança da ONU condenando Israel pelos assassinatos de mais de 100 palestinos famintos na fila de comida em Gaza. Por ser um dos cinco membros permanentes do Conselho – junto com a China, França, Rússia, Reino Unido -, o voto contrário dos EUA representa um veto, mesmo com que o conjunto tenha se manifestado unânime contra a chacina ocorrida na madrugada da mesma quinta.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar chocado com a matança e que “o poder de veto foi transformado num instrumento eficaz de paralisia da ação do Conselho de Segurança”.
Infelizmente, apontou o Ministério da Saúde de Gaza, os números devem se agravar, pois há pelo menos 760 feridos sem hospitais, equipes médicas ou remédios para receberem atendimento.
EUA CULPA VÍTIMAS
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, culpou os milhares de civis famintos que correram desesperados em socorro até os caminhões de serem os responsáveis pelas mortes. Não pronunciou uma única palavra sobre os tiros disparados contra os veículos. Além disso, alegou que membros da polícia palestina são filiados ao Hamas e atribui a eles o “massacre da farinha”, em que tanques e atiradores israelenses atacaram inocentes que aguardavam pela entrega da ajuda humanitária.
Cinicamente, o vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, justificou a negativa norte-americana por não ter “todos os fatos” sobre o caso, pois os relatos seriam “contraditórios”, assim como as “circunstâncias em torno de como as pessoas morreram”. Afinada com os EUA, a Rede Globo carregou no “grupo terrorista” Hamas e apontou ter havido “confusão na distribuição da comida”, calando sobre a gravidade da fome a que estão submetidos os mais de dois milhões de palestinos na Faixa de Gaza.
O porta-voz do Exército de Israel, nascido no Brasil, Rafael Rozenszajn, declarou que “Israel não atirou em civis que buscavam comida”, que teriam morrido por conta de “empurrões e correria”. “Enfatizo que, ao contrário das acusações, não atiramos contra civis que buscavam ajuda e não atiramos contra o comboio humanitário, nem do solo nem do ar. Atuamos estritamente de acordo com as normas do direito internacional. Sugiro não confiar em informações de uma organização terrorista”, acrescentou, em tom provocativo.
ALERTA DA UNICEF PARA A EXPLOSÃO DE MORTES PELA FOME
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que a alarmante escassez de alimentos e o aumento da desnutrição e das doenças podem levar rapidamente a uma “explosão” no número de mortes de crianças palestinas. Uma em cada seis crianças com menos de dois anos de idade em Gaza sofre de subnutrição aguda, segundo estimativas da UNICEF publicadas no dia 19 de fevereiro.
Agora, além de obstruírem a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, especialmente nas regiões do norte, abrem fogo contra as filas de comida.
Fonte: Papiro