Agricultores europeus ocupam Bruxelas contra restrições da UE que sufocam o setor
Fechando ruas, queimando pneus, e até bloqueando o aeroporto de Bruxelas, sede da União Europeia (UE), milhares de manifestantes acompanhados por mais de 900 tratores, se concentraram durante horas enquanto os ministros da Agricultura do bloco e os principais representantes da Comissão Europeia (CE) se reuniam na sede da instituição para decidir as suas políticas para a região.
Desde o início do ano, os agricultores de toda a Europa têm organizado semanas de protestos para exigir ação dos responsáveis políticos em relação a uma série de pressões que o setor sofre por conta de interesses alheios à produção agrícola como, por exemplo, o apoio ao regime nazista da Ucrânia.
As reivindicações dos agricultores vão desde os preços dos produtos em um comércio cartelizado pelas grandes redes, que consideram demasiado baratos em relação aos custos de produção, até as importações desreguladas que prejudicam os produtores locais. A isso se acrescentam as rigorosas normas ambientais da UE que não levam em conta a realidade dos trabalhadores, só buscando burocraticamente mostrar uma preocupação com a questão. Também se opõem ao aventado acordo de livre comércio com o Mercosul.
Em Madrid, mais de 30 mil pessoas levaram o seu descontentamento à sede do Parlamento Europeu na cidade. Estes protestos provocaram uma tentativa de modificação das políticas agrícolas da Comissão Europeia (CE), particularmente sobre a necessidade de aplicar tarifas sobre a importação de produtos alimentares procedentes da Ucrânia, política que foi imposta pelos Estados Unidos para sustentar o regime que faz a guerra do Pentágono com a finalidade de prejudicar a Rússia e que agora se volta contra os pequenos e médios produtores europeus.
UE NÃO RESPEITA OS PEQUENOS PRODUTORES
Nesse sentido, Juan Pedro Laguna, um agricultor espanhol que cultiva azeitonas, cereais e vegetais, disse à Reuters que “a nova Política Agrária Comum (PAC) está arruinando as nossas
vidas. A União Europeia não respeita nosso trabalho, não respeita os pequenos produtores”. E acrescentou: “queremos produzir como sempre fizemos, mas eles não querem que produzamos”.
“Não somos contra as políticas climáticas. Mas sabemos que para fazer a transição precisamos de preços mais elevados para os produtos porque custa mais produzir ecologicamente”, disse Morgan Ody, coordenador geral da organização agrícola La Vía Campesina.
Para enfrentar esses problemas, exigiram que a UE estabelecesse preços mínimos de apoio e abandonasse os acordos de livre comércio que permitem a importação de produtos estrangeiros mais baratos.
Pelo mesmo motivo, houve também protestos na Polônia, com parte da fronteira com a Alemanha bloqueada, para exigir que a CE abrisse mão de liberar importações de produtos produzidos em quantidade pelos agricultores da região.
Fonte: Papiro