Voz Judaica pela Paz denuncia parceria de Biden no financiamento da matança em Gaza | Foto: Divulgação

Convocados pelo Voz Judaica pela Paz (JVP), milhares de manifestantes se concentraram em frente à sede do lobby pró-Israel que atende por Comitê de Assuntos Públicos Estadunidenses-Israelenses (Aipac), na quinta-feira (22) para condenar o massacre perpetrado pelo Estado de Israel contra o povo palestino em Gaza. “Como judeus, nos negamos a permitir que o Aipac fale em nosso nome”, enfatizou Voz Judaica, ao denunciar a parceria do governo Biden no financiamento da matança e na sustentação política colonialista de Israel nas Nações Unidas.

Com a participação de rabinos e descendentes de vítimas do Holocausto, a multidão bloqueou as ruas próximas, entoando palavras de ordem e erguendo um grande mural assinalando que “O Aipac financia o genocídio”.

O protesto se espalhou por edifícios próximos, incluindo os escritórios dos senadores Chuck Schumer – líder da maioria – e Kirsten Gillibrand, financiados com milhões de dólares pelo lobby Aipac para defender a campanha militar genocida e a ocupação ilegal das terras palestinas. Mais de duas dezenas de pessoas foram presas.

Ambos do Partido Democrata, os senadores votaram a favor do pacote de US$ 14,1 bilhões de ajuda emergencial para Israel no início deste mês. O projeto ainda precisa da aprovação da Câmara.

De forma simbólica, os manifestantes utilizaram sacos de lixo vermelhos com as palavras “Dump Aipac” [Jogar fora a Aipac] estampadas, recordando o protesto da Ofensiva do Lixo dos Young Lords [organização de luta pelos direitos civis] em 1969, que chamou atenção para as necessidades da classe trabalhadora e dos nova-iorquinos latinos.

“Como judeu palestino que apoiou a luta pelo Departamento de Estudos Porto-riquenhos do Brooklyn College, sempre fui movido por atos de solidariedade entre as nossas comunidades. Quando os Young Lords lideraram a Ofensiva do Lixo em 1969, a sua plataforma também incluía apoio aos palestinos”, declarou Esther Farmer, membro do JVP. “Estou honrado em trazer esse legado de solidariedade de volta às ruas”, sublinhou.

“Fui criado para sentir muito profundamente dentro de mim que quando um genocídio acontecia, meu trabalho era me levantar e lutar”, disse Louia Solomon, estudante rabínica que foi presa. “Para muitos de nós, ser solidários com a Palestina e enfrentar os nossos representantes eleitos que permitem o genocídio é a expressão lógica dos valores judeus”, acrescentou.

A Voz Judaica pela Paz tem liderado uma série de ações de protesto por todos os Estados Unidos exigindo que o governo Biden pressione Israel a parar a covarde agressão.

Mas a pressão para que o assassinato de crianças, mulheres e idosos palestinos tenha se acelerado na Faixa de Gaza foi redobrada desde 7 de outubro, alerta a JVP, uma vez que os fundos do Aipac têm aumentado com a frequência do despejo de bombas sobre civis indefesos, alcançando US$ 90 milhões nos últimos cinco meses.

Os representantes da Voz Judaica pela Paz afirmam que o banho de sangue promovido pelo exército israelense ajudou a “reforçar a influência da Aipac sobre os membros do Congresso estadunidense que se opõem a um cessar-fogo em Gaza”. Além disso, despejam recursos “para intensificar campanhas agressivas contra aqueles que se manifestaram contra o bombardeio indiscriminado de Gaza pelo exército israelense”. “São milhões de dólares e campanhas de difamação racista para garantir a cumplicidade do Congresso no genocídio dos palestinos por parte do governo israelense”, sublinhou.

Várias pesquisas têm apontado que a maioria dos estadunidenses acredita que deveria haver um cessar-fogo permanente e que Washington deveria liderar o caminho para a sua garantia. Por uma pesquisa do Data for Progress publicada em dezembro, 61% dos entrevistados eram favoráveis à paz imediata, contra somente 28% opostos à ideia.

“As pesquisas mostram que a grande maioria da população quer que a guerra em Gaza acabe. Mas, no entanto, por causa de grupos de pressão pró-apartheid como o Aipac, a maioria das autoridades eleitas ainda se recusa a pedir um cessar-fogo”, esclareceu Ezra Klein, membro da Voz Judaica pela Paz.

A ativista Sarah Koshar acredita que o grupo de lobby pró-apartheid israelense não representa as vozes judaicas nos EUA. “Nos negamos a permitir que a Aipac fale em nosso nome como judeus. À medida que o número de palestinos mortos por Israel ultrapassa os 30 mil e mais de 70 mil feridos, apelamos ao nosso governo para que ouça a vontade do povo e rejeite a Aipac como o extremista fomentador da guerra que sempre foi”, concluiu.

Fonte: Papiro