Cassif defende seu mandato no Knesset | Foto: Olivier Fitoussi-Haaretz

A tentativa dos fascistas no parlamento israelense, Knesset, de cassarem o mandato do deputado Ofer Cassif fracassou. A proposta do deputado Oded Forer do partido Israel Beiteinu (Israel Nossa Casa) pedindo a cassação de Ofer não obteve os 90 votos (3/4 dos 120 membros) necessários para sua aprovação.

A perseguição a Ofer não é de hoje, ele já foi suspenso por 45 dias, em 19 de outubro do ano passado, e teve o seu salário cortado em 14 dias pelo Comitê de Ética do Knesset ao denominar um plano de um dos ministros fascistas, Bezalel Smotrich, de expulsar os palestinos de uma parte da Cisjordânia de “Solução Final para os palestinos”.

À época, o Comitê declarou que o deputado “fez conexão entre procedimentos políticos do atual governo com o Holocausto” e considerou mais grave porque o deputado o disse “em tempos de guerra”.

Dessa vez a tentativa de cassação veio depois que o deputado apoiou a decisão da África do Sul de recorrer à Corte de Haia acusando o governo de Israel de praticar genocídio em Gaza.  

Levada à votação no plenário do Knesset nesta segunda-feira (19), depois de receber o apoio de 85 parlamentares que firmaram a proposta de Forer e aprovada na Comissão de Ética por 14 votos a dois), foi derrubada, pois obteve 85 votos, com 11 votos contra e 24 abstenções.  

Quando os colegas de partido de Ofer correram para abraçá-lo após a derrota da proposta de Forer, os deputados mais fanáticos, ressentidos com o fracasso, começaram a gritar “vergonha” e a chamar os deputados democratas de “apoiadores do terror”, quase transformando o plenário do Knesset em palco de pancadaria.

Netanyahu fez questão de ir ao parlamento para votar pela cassação de Cassif.

Os fascistas do partido Likud, de Netanyahu tentaram intimidar o deputado Yair Lapid, presidente do partido oposicionista Yesh Atid, que decidiu, com sua bancada, pela abstenção, que, na prática, equivalia a rejeitar a proposta de exclusão de Cassif. No plenário, chamaram Lapid de “apoiador do terror” e disseram que o deputado deveria se “envergonhar”. 

Outro fascista, o ministro Itamar Ben Gvir também reagiu esganado contra o lider do partido de Unidade Nacional, Benny Gantz, o acusando de “esquerdista” e “fraco”.

Cassif é membro do Partido Comunista de Israel, Haddash que concorre ao parlamento em coligação com o partido árabe Ta’al.

O deputado tem declarado que a perseguição contra ele, por dizer algumas verdades, são antidemocráticas e que a sua cassação seria “o último prego no caixão da liberdade de expressão em Israel”.

Ao defender o seu mandato, Cassif declarou que “por trás do pedido de impeachment contra mim, a uma intenção maléfica que é a de lançar uma campanha de perseguição política e um esforço para silenciar qualquer voz crítica em geral e em particular os árabes e seus representantes no Knesset, uma tentativa de intimidá-los e excluir do público e do parlamento todo discurso opositor”.

Cassif concluiu dizendo que o significado de seu apoio a Haia é a “busca do fim da guerra pelo bem dos dois povos”.

Em defesa de Cassif se pronunciou o deputado do partido Ra’am, Iman Khatib, dizendo que “muitos aqui se recusam a enxergar e entender a essência da real democracia que é a proteção dos direitos da minoria”.

A líder trabalhista, Merav Micheli, também se absteve.

 A coligação que elegeu Cassif (Haddash-Ta’al) emitiu uma declaração afirmando que a tentativa de cassação do deputado “o remanescente da democracia tem sido completamente erodido sob os auspícios da guerra messiânica de Netanyahu e os kahanistas em torno dele.

Kahanistas são os seguidores do fascista Meir Kahani que advogava a violência contra os palestinos e os ativistas de esquerda em Israel.

Fonte: Papiro