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Com as taxas de juros estratosféricas derrubando os investimentos, o desempenho da indústria de base no Brasil foi atingido em cheio. Encerrando o ano, as receitas líquidas de vendas do mês de dezembro foram de R$ 18,8 bilhões, o que representou queda de 13,2% em relação a novembro e uma queda ainda maior, em relação ao mês de dezembro de 2022, de 22,4%.

Esse valor acentuou o resultado negativo do ano. As receitas líquidas de R$ 285,9 bilhões em 2023 representam um tombo de 11% na comparação com 2022, cujas vendas foram de R$ 321,3 bilhões. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Conjunturais da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), divulgada na quarta-feira (31/01).

As vendas para o mercado interno acumulam uma trajetória de queda desde 2022. Naquele ano, a redução foi de 6,9% sobre o ano anterior e, em 2023, o recuo foi de 15,4% sobre 2022.

De acordo com o programa Globonews em Pauta, divulgado após a decisão do Comitê de Política Monetário do Banco Central, que reduziu a taxa Selic em meio ponto percentual na quarta-feira (31/01), o presidente da Abimaq, José Velloso, manifestou à jornalista que “o percentual de juro é muito elevado, os juros inibem os investimentos absurdamente e hoje a taxa de investimento no Brasil está acima apenas de 16%, quando o ideal seria no patamar de 25%”.

Segundo o empresário do setor, que produz máquinas para outras indústrias, os juros para pequenas e médias empresas para capital de giro é muito maior, de 40%.

Com a contração do mercado doméstico a indústria de máquinas e equipamentos conseguiu uma certa compensação nas exportações. No ano houve crescimento de 14,6% em dólares ou 5,8% em reais, que passaram a representar 24,7% das receitas totais do setor, contra uma participação de 20,8% em 2022.

Pelo lado das importações, em 2023, houve um resultado superior sobre 2022 em 7,2%, atingindo US$ 26,77 bilhões. O crescimento ocorreu entre os diversos segmentos, mas a maior taxa de crescimento foi observada nos setores de petróleo, energia renovável e agrícola.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) do setor atuou em média com 75,6% da sua capacidade instalada, ou 3,1 p.p, abaixo do nível de atuação observado em 2022.

No mês de dezembro, o setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou queda no nível de pessoas ocupadas diretamente. O quadro de pessoal na indústria brasileira de máquinas e equipamentos no mês de dezembro foi de 385 mil trabalhadores. No ano houve a destruição de cerca de 5.000 postos de trabalho.

Sobre a nova política industrial anuncia pelo governo Lula, a Abimaq manifestou apoio em nota, divulgada no dia 23 de janeiro.

“A Abimaq tem defendido uma política industrial articulada, que promova a transformação da estrutura industrial, com a melhoria na formação bruta de capital fixo, o avanço da digitalização, da transformação nos modelos de negócios das empresas para que resulte num forte aumento da produtividade da economia”, diz a nota.

“Apoiamos a implementação das ações propostas com responsabilidade, metas claras pré-estabelecidas e transparência, de forma que o Brasil avance com uma nova estrutura produtiva que possa contribuir para a resolução de nossos graves problemas econômicos e sociais”, acrescenta a Abimaq.

Fonte: Página 8