Hind Rajab e o carro em que foi emboscada com tios e primos | Foto: Álbum da família e AFP

Hind Rajab, uma menina palestina de 6 anos, foi executada por israelenses junto com cinco familiares no veículo em que tentavam fugir dos invasores da cidade de Gaza rumo ao sul. O Exército israelense impediu o atendimento do Crescente Vermelho [a Cruz Vermelha árabe] com tiros contra a ambulância durante pelo menos três horas.

“Estou com tanto medo, por favor, venha”, suplicou Hind, clamando pela chegada das equipes de resgate. Pelo telefone, os serviços de emergência do Crescente Vermelho Palestino buscaram acalmá-la quando todos os parentes com que se encontrava já estavam mortos e a ambulância, sob tiros, era impedida de chegar ao local. “Venham me pegar”, pedia a menina.

“Durante mais de três horas, Hind implorou desesperadamente para ser resgatada dos tanques de ocupação israelenses que a cercavam, suportando tiros e o horror de ficar sozinha, presa entre os corpos de seus parentes baleados pelas forças israelenses diante de seus olhos”, informou o Crescente.

Depois, nada mais se ouviu da menina, mesmo quando a ambulância foi enviada para procurá-la, relatou a organização.

Em declaração à AFP o avô de Hind informou que ela foi ferida nas costas, nas mãos e nos pés. “Fiquei com medo, apavorado”, disse ele, entre soluços, explicando que “Hind é a minha primeira neta, ela é um pedaço do meu coração”.

Conforme o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais do que nunca, as crianças de Gaza necessitam de um “apoio vital”, pois estão morrendo a “um ritmo alarmante”, muitas sob bombardeio e tiros, outras sem água, luz e medicamentos. “O impacto é catastrófico”, alertou a Unicef, frisando que metade dos cerca de 1,7 milhão de pessoas deslocadas em Gaza são crianças.

“ISRAEL MIROU NA EQUIPE DE RESGATE”

“A ocupação israelense teve como alvo deliberado a equipe do Crescente Vermelho, apesar de que uma coordenação prévia permitisse a chegada da ambulância para resgatar Hind”, denunciou a organização. O crime é flagrante, aponta o Crescente, uma vez que Israel mirou deliberadamente na ambulância enviada para socorrer a criança, mesmo após Hind ter passado horas conversando no telefone, cercada pelo som de tiros.

Ao lado dos corpos de seu tio, sua tia e três primos, Hind Rajab foi descoberta em um veículo na periferia de Tel al-Hawa, na cidade de Gaza. Parentes que fizeram a identificação dos corpos informaram que o carro estava cravejado de balas.

Na sexta-feira (9), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou que o Exército planeje a “evacuação” da população da cidade de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito. A Liga Árabe denunciou que a expulsão dos palestinos para o Egito seria um crime de “limpeza étnica”, tipificado pela legislação internacional. Bem como o assassinato de mais de 28 mil palestinos – na maior parte mulheres e crianças – pelas forças militares de Netanyahu é crime de genocídio, pelo qual Israel já está sendo processado na Corte de Haia.

Devido às operações de cerco e bombardeios israelenses, inicialmente concentrados no norte e centro da Faixa de Gaza, Rafah abriga atualmente cerca de 1,4 milhão, mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes desse território palestino.

Fonte: Papiro