Ministra de Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor | Foto: AFP/Remko De Waal

A ministra de Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, denunciou que “agentes israelenses” vêm ameaçando a sua família desde que seu país acusou Tel Aviv de genocídio em Gaza perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia, no mês de janeiro.

“O que mais me preocupa é a minha família, porque em algumas mensagens nas redes sociais meus filhos são mencionados”, disse a chanceler. “Os agentes israelenses, os serviços secretos, é assim que se comportam e procuram intimidar aqueles que se opõem à ocupação”, acrescentou ao conversar com jornalistas na quinta-feira (8), na Cidade do Cabo.

“Os povos do mundo e da Palestina não recuaram quando o estado do apartheid (na África do Sul) estava no seu pior momento. Eles estiveram conosco no movimento de libertação. Portanto, é nosso dever estar com eles agora até o final e uma das coisas que não devemos nos permitir é a falta de coragem”, sublinhou a diplomata.

Pandor confirmou ter levado a questão ao ministro de Segurança Pública, Bheki Cele, devido a que as mensagens a fizeram crer “ser melhor buscar segurança extra”.

Não é a primeira vez que a ministra denuncia ameaças. Em janeiro, durante coletiva de imprensa em Pretória, Pandor aludiu ao caso, ao denunciar comentários racistas e difamatórios, ao descrevê-la como “terrorista”.

ISRAEL INCITA AO GENOCÍDIO

“Israel, desde o dia 7 de outubro de 2023, tem recaído em genocídio contra o povo palestino e perpetra público e direto incitamento ao genocídio”, em sua devastação na Faixa de Gaza, diz a declaração do Departamento de Relações Internacionais do governo sul-africano, publicada em 31 de dezembro de 2023, referindo-se à ação perante o principal órgão judicial das Nações Unidas.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, comparou a política de Israel em Gaza e na Cisjordânia com o apartheid, o regime de segregação racial que vigorou na África do Sul na maior parte do século 20.

“Ao olharmos para o sofrimento dos palestinos, vemos que eles estão passando pelo que nós, como sul-africanos, experimentamos durante a era do apartheid”, declarou o presidente em conferência de imprensa ao lado de organizações que apoiam a libertação da Palestina, no momento em que foi apresentada a ação na CIJ.

“Crianças e mulheres estão sendo mortas cruelmente”, sublinhou o presidente, acrescentando que isto deveria preocupar a todas as pessoas no mundo.

TEL AVIV DEVE EXPLICAR A HAIA AÇÕES TOMADAS

A denúncia movida pela África do Sul contra Israel teve sua primeira etapa realizada em janeiro, e terminou com a CIJ aceitando a denúncia por possível crime de genocídio cometido por Tel Aviv em Gaza, além da violação da Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.

A Corte também determinou que Israel tem até 26 de fevereiro   para apresentar um informe minucioso sobre as ações que já foram tomadas no sentido de evitar as mortes de civis em Gaza, como forma de contestar as acusações sul-africanas.

Fonte: Papiro