Estrada espanhola bloqueada durante o protesto rural | Foto: Reprodução

Os protestos dos agricultores europeus que acontecem há várias semanas se intensificaram, na quarta-feira (07), na Espanha e na Grécia, onde dezenas de estradas foram fechadas, o transporte de bens essenciais foi impedido e o fluxo rodoviário foi bloqueado nas principais cidades.

Os pequenos, médios e até grandes agricultores continuam inconformados com a situação do sector, sufocados pelos baixos preços da sua produção, pela postura da burocracia europeia que impede aceder a ajudas e planos dos fundos da Política Agrícola Comum (PAC) e pelas cada vez mais severas medidas de fachada que dizem se importar com o ambiente e a chamada Agenda 2030, que visa reduzir gradualmente a utilização de combustíveis fósseis, o que afeta plenamente esta atividade por não oferecer nem propor outras alternativas. Além do que chamam de “concorrência desleal” contra importações de outras regiões, onde segundo eles são utilizados produtos industriais proibidos na UE e que eles próprios não podem utilizar.

Na Espanha, convocados pela federação de sindicatos agrícolas União de Uniões, milhares de agricultores se mobilizaram em todo o país: bloquearam estradas na Catalunha, Andaluzia, País Basco, Galiza, Estremadura, Madrid, Múrcia, Valência, Castela-La Mancha, Castela e Leão, Cantábria e Astúrias, sobretudo, com a paralisação temporária de numerosas estradas regionais e rodovias principais. Além disso, o protesto também concentrou a sua ofensiva na tentativa de bloquear os principais mercados alimentares das cidades, como fizeram em Valladolid e Málaga.

O país, frequentemente descrito como a “horta da Europa”, é o principal exportador de frutas e legumes do continente, além de verduras e grãos.

POPULAÇÃO APOIA PROTESTOS EM BARCELONA

Um dos protestos mais massivos foi o que ocorreu na Catalunha, onde agricultores se organizaram para chegar com os seus tratores a Barcelona, onde está localizada a sede do governo regional. Ao longo da tarde desta quarta-feira, os tratores entraram na cidade com o apoio de boa parte dos cidadãos, que entendem a difícil situação que o campo vive há décadas, com trabalho e rendimentos precários a cada vez mais escassos, além da falta de pessoal para garantir a subsistência da atividade.

Ao entrar na capital catalã, um grupo de agricultores se reuniu com o presidente regional, Pere Aragonés, a quem pediram soluções concretas para o setor agrícola sem receber, por enquanto, nenhuma medida concreta para os problemas.

PRINCIPAIS ESTRADAS BLOQUEADAS NA GRÉCIA

Outro foco dos protestos que se intensificaram está na Grécia, onde agricultores continuam suas mobilizações pela terceira semana nas principais rodovias. Centenas de pessoas nos arredores de Tessalônica (norte), a segunda maior cidade do país, bloquearam a estrada que liga a cidade à capital, Atenas, enquanto poucas horas depois esta autopista foi novamente ocupada por agricultores do centro da Grécia.

Além disso, várias rodovias que ligam Tessalônica a cidades do norte do país também foram fechadas durante várias horas, enquanto um grande grupo de agricultores do oeste da Grécia chegou com os seus tratores ao porto de Igoumenitsa, o terceiro maior do país, com a intenção de bloqueá-lo nas próximas jornadas.

Já foram realizados atos contra as medidas ambientais impostas aos produtores do bloco em ao menos 7 países: Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Itália, Romênia e Polônia. Eles argumentam que as medidas da Política Agrícola Comum (PAC), junto aos altos custos com energia e combustível, reduzem de forma insustentável os lucros do setor.

Tentando aliviar a situação, a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou, na terça-feira (6), o arquivamento de uma proposta de veto a pesticidas. Os agricultores e pecuaristas têm insistido que medidas como as restrições aos pesticidas sem apresentar opções para as produções apenas aumentariam a sua carga burocrática e os manteriam nos seus computadores em vez de nos tratores, bem como aumentariam a diferença de preços entre os seus produtos e as importações baratas produzidas por produtores estrangeiros sem requisitos semelhantes.

Fonte: Papiro