Obuses enviados pelos EUA logo serão usados para a devastação em Gaza | Foto: Gil Cohen/AFP

O projeto do governo Biden de US$ 100 bilhões adicionais para a guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia, para o genocídio de Israel em Gaza e para as provocações contra a China em Taiwan, em troca do endurecimento da repressão aos imigrantes na fronteira sul pedido pelos republicanos, foi derrubado no Senado dos EUA na quarta-feira (7), ao fracassar em obter os 60 votos necessários para ser discutido.

Mesmo que tivesse passado, dificilmente seria aprovado na Câmara, cujo presidente, o republicano Mike Johnson, já havia o considerado “morto ao chegar”.

O placar final foi de 50 a favor e 49 contra. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, ainda pasmo com o resultado, anunciou um novo projeto, agora só com dinheiro para as guerras, deixando de lado a questão da fronteira, cuja aprovação disse pretender alcançar ainda nesta quinta-feira (8).

O governo Biden solicitou inicialmente o financiamento suplementar ao Congresso dos EUA em outubro. “Isso é a coisa mais ultrajante da qual fiz parte em meus 16 anos no Congresso”, lamuriou-se o senador democrata Chris Murphy disse à NBC News logo após a votação. “Aprendemos que Trump está total e completamente no comando do partido, e eles estão sem leme de outra forma.”

O pacote “bipartidário” havia sido negociado por republicanos por meses, mas foi a pique após a oposição pública do ex-presidente, mais que provável candidato do partido nas eleições deste ano, que a chamou de “uma armadilha sofisticada”.

Apenas quatro dos 49 senadores republicanos votaram a favor do projeto. Também votaram contra os democratas Ed Markey, Bob Menendez, Alex Padilla e Elizabeth Warren, bem como Bernie Sanders.

No esforço para obter dinheiro para as guerras eternas e diante da oposição da ala democrata mais progressista, Biden chegou a alegar em um comunicado no domingo que a nova política de fronteira tornaria “o país mais seguro” e que trataria “as pessoas de forma justa e humana”, ao mesmo tempo em que preservaria a imigração legal, “consistente com os valores da nação”.

Mas o que moveu Biden claramente foi arrancar do Congresso, que vem resistindo a conceder mais verbas para as guerras em curso, especialmente para a Ucrânia, que, segundo o chefe da Casa Branca, está “em apuros”, “sem recursos” e com “o relógio correndo”.

Igualmente quanto a Israel, para quem Biden pediu mais US$ 20 bilhões para o genocídio e limpeza étnica em curso em Gaza.

Além de, em paralelo, ter intensificado a sustentação do regime Netanyahu, ameaçando incendiar o Oriente Médio por meio dos bombardeios ao Iraque, Síria e Iêmen, e do corte do financiamento para a agência de refugiados palestinos da ONU, a UNRWA, aliás, se envolvendo diretamente na morte da população pela fome.

Na Ucrânia, os EUA já despejaram US$ 200 bilhões para sustentar o regime neonazista de Kiev, além de perpetrar as sanções mais extremas contra a Rússia, mas a última ‘contraofensiva’ gorou. Projetando o imperialismo norte-americano sobre os outros, Biden, em sua exortação ao Congresso para que mantenha o dinheiro para a guerra jorrando, inventou que “a Rússia não vai parar” e que a história “está observando”.

Fonte: Papiro