Avião com prisioneiros de guerra ucranianos foi derrubado e não há sobreviventes | Foto: Moscow Times

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou em uma conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque, que a Ucrânia estava ciente de que a troca de prisioneiros estava em andamento quando derrubou o avião cargueiro militar IL-76, na quarta-feira (24), matando 65 prisioneiros de guerra ucranianos a bordo, mais a tripulação e três oficiais russos que acompanhavam o procedimento.

Lavrov expôs como o regime de Kiev primeiro reivindicou como uma “vitória” a derrubada do transporte russo, mas começou a varrer “os intempestivos relatos de suas vitórias para debaixo do tapete” tão logo ficou patente que os prisioneiros ucranianos estavam a bordo. A Rússia pediu a realização de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU sobre a questão.

Os 65 ucranianos faziam parte de um acordo de troca de presos de guerra, de 192 ucranianos por 192 russos, programado para ocorrer na quarta-feira no final da tarde na fronteira russo-ucraniana, no posto de controle de Kolotilovka. Os 65 ucranianos estavam sendo transportados para Belgorod, próximo da fronteira.

O IL-76 voava do aeródromo de Chkalovsky, nos arredores de Moscou, para Belgorod. De acordo com as informações do Ministério da Defesa britânico, dois mísseis foram detectados no radar sendo disparados de uma área perto da vila de Liptsy, na região de Kharkov, cerca de 15 km ao norte da cidade de Kharkov e a apenas 5 km da fronteira com a Rússia. O Il-76 caiu a 50 km a nordeste da cidade de Belgorod.

O governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, disse que todos morreram. O chefe do Comitê de Defesa da Duma, Andrei Kartapolov, disse que os militares ucranianos abateram o avião com mísseis do sistema de mísseis antiaéreos norte-americanos Patriot ou IRIS-T, alemão. Segundo ele, outro avião com 80 prisioneiros voava atrás do IL-76, mas conseguiu dar meia-volta. Conforme testemunhas, o piloto do IL-76, mesmo com o motor em chamas, conseguiu afastar a aeronave de Yablonovo, aldeia com 2 mil habitante, e caiu e explodiu no campo.

“ATO DE BARBÁRIE INSANO”

A derrubada do Il-76 foi classificada pelo Ministério da Defesa russo como um “ato de barbárie insano”. O embaixador russo responsável por apurar crimes de guerra da Ucrânia, Rodion Miroshnik, condenou o ataque, alertando que seus autores serão levados à justiça.

Ele denunciou que o regime de Kiev mostrou seu desrespeito pela vida humana, violando acordos, matando tripulantes e militares da escolta e sequer poupando seus cidadãos.

“A ditadura ucraniana sacrificou os seus próprios militares para ‘demonstrar a natureza sangrenta da Rússia’, mas na prática só revelou seu próprio “núcleo desumano nazista” ao enviar para a morte aqueles por quem supostamente ‘lutou’ e estava ‘esperando’”, ele sublinhou.

O Ministério da Defesa ucraniano chegou a admitir o ataque, alegando, no entanto, que não foi “informado sobre as rotas e formas de entrega dos prisioneiros”, embora seja exatamente este o esquema que foi utilizado para a troca há apenas 20 dias, em 4 de Janeiro, registrou o jornal Kommersant.

“SABIAM MUITO BEM”

O Ministério da Defesa russo enfatizou que a liderança da Ucrânia “sabia muito bem que, de acordo com a prática estabelecida (…) militares ucranianos” deveriam “ser transportados por aviões de transporte militar para o aeródromo de Belgorod” para uma troca de prisioneiros.

A mídia ucraniana informou inicialmente que o IL-76 russo havia sido abatido pelas Forças de Defesa Aérea da Ucrânia, mas deu sumiço na informação depois que se tornou público que o avião transportava prisioneiros de guerra ucranianos.

As autoridades de Kiev mantiveram silêncio sobre o incidente durante grande parte do dia de quarta-feira, abstendo-se até mesmo da tática tradicional de Kiev e Washington de culpar imediatamente a Rússia.

PROVOCAÇÃO

Andrei Koshkin, da Associação de Cientistas Político-Militares, fez questão de mencionar as “ações heroicas” do comandante do IL-76, que conseguiu desviar o Il-76 já em chamas para longe da vila de Yablonovo, evitando muitas vítimas civis.

Para ele, “não foi uma tarefa particularmente difícil atacar um avião de transporte militar. O motivo, francamente, é uma provocação – uma provocação tanto dentro das Forças Armadas da Ucrânia quanto dentro do establishment político ucraniano”.

Ele acrescentou que Zelensky terá de explicar em que base o avião foi destruído e por quem. “Isso é uma provocação séria… Se se verificar que foi organizado por decisão de algumas forças internas que procuram complicar a situação ou complicar a disputa interna entre, por exemplo, o establishment político e a liderança militar, veremos em breve até que ponto essa provocação será usada nesse confronto”, disse o especialista.

Ele lembrou, ainda, que os legisladores em Washington estão se preparando para revisar um pacote de ajuda de US$ 61 bilhões a Kiev esta semana. Nessa situação – ele observou -, “muitos eventos podem ser desencadeados artificialmente para de alguma forma afetar as decisões”. Ainda mais, no atual estágio em que a guerra por procuração da Otan contra a Rússia vai indo muito mal para a ingerência anti-russa norte-americana na região através de seus fantoches encabeçados por Zelensky, segundo os mais diferenciados analistas.

Fonte: Papiro