Obra mostra massacre de 1904: alemães trucidaram a tribo Herero, parte do povo da Namíbia | Foto: Reprodução

O governo da Namíbia lembrou o assassinato, realizado pela Alemanha entre 1904 e 1908, de dezenas de milhares de inocentes no país africano e citou “inabilidade da Alemanha de tirar lições de sua horrível história” por apoiar Israel na acusação por genocídio feita pela África do Sul.

O presidente da Namíbia, Hage Geingob, afirmou que “nenhum humano amante da paz pode ignorar a carnificina feita contra os palestinos em Gaza”. Em pouco mais de 100 dias de guerra, Israel já matou mais de 24 mil palestinos, sendo que 70% eram crianças e mulheres.

Em uma nota divulgada em seus canais oficiais, o governo da Namíbia rechaçou “o apoio da Alemanha à intenção genocida do Estado israelense racista contra civis inocentes em Gaza”.

“Em solo namibiano, a Alemanha cometeu o primeiro genocídio do século XX, em 1904-1908, no qual dezenas de milhares de namibianos inocentes morreram nas condições mais desumanas e brutais. O governo alemão ainda não redimiu-se totalmente do genocídio que cometeu em solo namibiano”, lembra o documento.

Para a Namíbia, “a Alemanha não pode expressar moralmente o compromisso com a Convenção das Nações Unidas contra o genocídio, incluindo a reparação pelo genocídio na Namíbia, ao mesmo tempo que apoia o equivalente a um holocausto e genocídio em Gaza”.

“Portanto, à luz da incapacidade da Alemanha de tirar lições da sua história horrível, o presidente Hage Geingob expressa profunda preocupação com a decisão chocante comunicada pelo governo da Alemanha (…) na qual rejeitou a acusação moralmente correta apresentada pela África do Sul ante a Corte Internacional de Justiça que Israel está cometendo um genocídio contra os palestinos em Gaza”.

“É preocupante que, ignorando as mortes violentas de mais de 23.000 palestinos em Gaza e vários relatórios das Nações Unidas que destacam de forma perturbadora a deslocação interna de 85% dos civis em Gaza no meio de uma escassez aguda de alimentos e de serviços essenciais, o governo alemão optou por defender na Corte Internacional da Justiça os atos genocidas e horríveis do governo israelense contra civis inocentes em Gaza e nos territórios palestinos ocupados”, continuou.

O número de mortes citado pelo comunicado da Namíbia é referente ao dia 13 de janeiro. Desde então, o número oficial de mortes divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza já ultrapassou 24 mil. Outras 8 mil pessoas estão desaparecidas.

“Várias organizações internacionais, como a Human Rights Watch, concluíram de forma assustadora que Israel está a cometer crimes de guerra em Gaza”, acrescentou.

O presidente Geingob reforçou, no comunicado, o apoio à acusação feita pela África do Sul, que está tramitando na Corte, e pediu ao governo alemão que “reconsidere a sua decisão inoportuna de intervir como terceiro na defesa e apoio dos atos genocidas de Israel perante a Corte Internacional de Justiça”.

Fonte: Papiro