Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

O ano de 2023 teve a menor inflação anual desde 2020, 4,62%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta quarta-feira (10).  Com isso, o índice ficou abaixo do teto de 4,75% da meta de inflação. No ano de 2022, a inflação foi de 5,79% e, em 2020, ficou em 4,52%. 

De acordo com o IBGE, o grupo de Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no IPCA, subiu 1,03% em 2023. O resultado se deve à queda nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%), com a deflação do óleo de soja (-28%) do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%). Outros grupos de destaque no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).

Segundo André Almeida, gerente do IPCA, “o grupo de produtos alimentícios ficou abaixo do resultado geral e ajudou a segurar o índice de 2023. Houve quatro quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado. A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho”. 

Por outro lado, o maior impacto no resultado da inflação no ano passado veio do grupo Transportes (7,14%), com a alta acumulada da gasolina (12,09%). Esse combustível tem o maior peso entre os subitens pesquisados no IPCA e, no ano, exerceu a maior contribuição individual (0,56 p.p.) para o resultado geral. “Vale lembrar que a gasolina teve o impacto da reoneração dos tributos federais e das alterações nas cobranças do ICMS”, destaca Almeida.

Ainda neste grupo, vale ressaltar que tiveram impacto no índice o item emplacamento e licença, com alta de 21,22%, e as passagens aéreas, que saltaram 47,24%. Já os preços dos automóveis novos (2,37%) desaceleraram em relação a 2022 (8,19%), enquanto os dos usados recuaram 4,80%.

Inflação em dezembro

No último mês de 2023, a inflação fechou em 0,56% — em dezembro de 2022, foi de 0,62%. De acordo com o IBGE, a maior variação em dezembro passado (1,11%) e o maior impacto (0,23 p.p.) vieram do grupo Alimentação e bebidas, que acelerou em relação a novembro (0,63%). 

A alimentação em domicílio subiu 1,34%, puxada principalmente pelo aumento nos preços da batata-inglesa (19,09%), do feijão-carioca (13,79%), do arroz (5,81%) e das frutas (3,37%). Por outro lado, o preço do leite longa vida baixou pelo sétimo mês seguido (-1,26%).

Segundo André Almeida,“o aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”. 

O pesquisador explica, ainda, que no caso do arroz, que registrou alta pelo quinto mês seguido, “a produção foi impactada pelo clima desfavorável”. Já a alta do feijão, aponta, “tem relação com a redução da área plantada, o clima adverso e o aumento do custo de fertilizantes”. 

No mesmo período, a alimentação fora do domicílio (0,53%) acelerou frente ao mês anterior (0,32%), com as altas do lanche (0,74%) e da refeição (0,48%). Esses dois itens também aceleraram na comparação com novembro.

A segunda maior contribuição para a inflação em dezembro (0,10 p.p.) veio de Transportes, com alta de 0,48%, devido às passagens aéreas, que tiveram alta de 8,87% e representou o maior impacto individual sobre a inflação do país (0,08 p.p.).

Por outro lado, o levantamento mostra que todos os combustíveis pesquisados tiveram deflação, acumulando -0,50%. O óleo diesel caiu (-1,96%), assim como o etanol (-1,24%), a gasolina (-0,34%) e o gás veicular (-0,21%). “Pelo fato de a gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA, com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, ressalta Almeida. Em dezembro, o preço desse combustível caiu pelo terceiro mês consecutivo. 

No caso do grupo Habitação, que registrou 0,34% e desacelerou na comparação com novembro, quando estava em 0,48%, os destaques foram as altas da energia elétrica residencial (0,54%), da taxa de água e esgoto (0,85%) e do gás encanado (1,25%). 

Os demais grupos registraram os seguintes resultados: Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,70%), Despesas pessoais (0,48%) Saúde e cuidados pessoais (0,35%), Educação (0,24%) e Comunicação (0,04%).

Com informações da Agência IBGE

(PL)