Exército patrulha as ruas da capital Quito | Foto: El Debate

“Os Estados partes do Mercosul condenam veementemente os atos de violência perpetrados por grupos relacionados ao crime organizado transnacional que afetam a segurança interna da República do Equador”, afirma a nota conjunta do bloco, nesta quarta-feira (10), manifestando solidariedade a seu povo e governo, ao mesmo tempo em que respaldam a institucionalidade democrática do país.

No documento, o Mercosul – grupo fundado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – também expressa “seu respaldo irrestrito à institucionalidade democrática desse país, no marco do respeito aos direitos humanos”.

A crise de segurança se agravou na terça-feira (9), após bandos armados invadirem um estúdio de TV, com transmissão ao vivo, e ataques a Universidade e hospital. O vertiginoso crescimento da violência havia feito a oposição liderada pelo movimento Revolução Cidadã, já no final de semana, cobrar uma ação emergencial do presidente Daniel Noboa, que baixou um decreto reconhecendo que o país se encontra em um “conflito armado interno”.

Na mesma terça-feira, várias cidades equatorianas registraram invasões, explosões e sequestros, que redundou em pelo menos 11 mortos em Guyaquil e dois em Nobol, elevando a tensão no país.

DOLARIZAÇÃO E NARCOTRÁFICO 

Uma vez identificadas pelo governo, estas 22 máfias são qualificadas de “crime organizado transnacional, organizações terroristas e atores não-estatais beligerantes”, contra quem o Estado decidiu mobilizar por 60 dias a Polícia Nacional e as Forças Armadas, colocando tanques nas ruas e impondo toques de recolher.

Como se não bastassem as políticas de privatização e desmonte do Estado, como na área da segurança pública, Daniel Noboa herdou os governos de Moreno (2017-2021) e Guillermo Lasso (2021-2023), que potencializaram o negócio da droga numa nação dolarizada e sem Banco Central.

Um relatório do Centro Estratégico de Geopolítica (CELAG) aponta que, em 2021, foram lavados 3,5 bilhões de dólares de dinheiro sujo no sistema financeiro, quase o triplo dos 1,2 bilhão de dólares estimados entre 2007 e 2016. “Seis anos de minimização do Estado e desinstitucionalização do país deixam um desequilíbrio social e económico desanimador: pobreza, violência e instituições capturadas pelo tráfico de drogas”, apontou o Celag.

O dólar permite aos narcotraficantes evitar a desvalorização e movimentar dinheiro mais facilmente entre países, em anos em que grandes grupos se internacionalizaram.

“Como o tráfico de drogas avançou tanto no Equador?”, perguntou um jornalista a Daniel Noboa, então candidato à presidência, em 2023. “Primeiro porque não existe um verdadeiro controle de fronteiras, porque nossos portos estão totalmente desprotegidos. Porque somos dolarizados e isso é um elemento que ajuda o narcoterrorismo, porque a moeda não precisa mudar. trilha”, respondeu o agora presidente.

Fonte: Papiro