Soldado israelense mostra satisfação ao exibir joia palestina roubada | Foto: Ero-med Human Rights Monitor

Tropas israelenses tomaram cerca de US$ 25 milhões em dinheiro e bens de moradores de Gaza deslocados pela invasão e saquearam casas, denunciou a TRT, a TV estatal turca, citando como fonte o Escritório de Mídia do enclave.

O órgão disse no sábado (6) que recebeu dezenas de depoimentos de moradores de Gaza relatando o roubo de dinheiro, ouro e artefatos “estimados em 90 milhões de shekels nos últimos 92 dias pelo exército de ocupação israelense”.

Segundo o Escritório de Mídia, parte dessas operações de roubo ocorreu em postos de controle israelenses. Na rua Salah al Din, que liga a cidade de Gaza ao centro do enclave, tropas israelenses roubaram dinheiro, ouro e artefatos das pessoas forçadas a deixarem suas casas pelas bombas e mísseis israelenses e ordenadas a rumarem para o sul.

Há também registros de tropas israelenses saqueando casas abandonadas pelos moradores evacuados à força.

Essa pilhagem inclusive tem sido mostrada pelos próprios soldados israelenses nas redes sociais, afirmou o Escritório de Mídia de Gaza. A TRT reproduziu um vídeo em que um soldado israelense exibe uma correntinha de ouro com um pingente e debocha dizendo “made in Gaza”. Há mais casos em Beit Lahi, cidade no norte do enclave, segundo o órgão palestino.

A TRT também mostrou denúncia do jornalista palestino Motaz Azaiza, de que teve o drone que usava para reportar a invasão israelense roubado por soldados, que chamaram a pilhagem de “confisco”.

Até uma guitarra elétrica, mostrada em um vídeo de um soldado israelense, e reconhecida pelo músico palestino de quem foi saqueada, Hamada, e que era um presente dado pelo pai dele há quinze anos atrás. O pai foi morto nos bombardeios de Gaza por Israel em 2014 e, como disse o músico, agora “me levaram a única coisa que tinha dele”.  

Por sua vez o Observatório de Direitos Humanos Euro-Med denunciou casos de roubo de corpos após a tomada dos hospitais pelas tropas de ocupação e, ainda segundo o observatório, corpos encontrados faltando o rim, ou fígado, ou o coração.

Pilhagem análoga também acontece diuturnamente na Cisjordânia ocupada, com colonos e soldados israelenses roubando de placas solares a galões de água. Há casos de pilharem a colheita inteira das oliveiras das pequenas fazendas palestinas vizinhas aos guetos hi-tech dos fanáticos de Gvir e Smotrich.

Não é a primeira vez que surgem tais denúncias contra atos de pilhagem e vandalização cometidos pelas tropas de ocupação. Como revelou em dezembro a CNN, que mostrou um vídeo, feito por um soldado israelense e postado nas redes sociais, em que ele se exibe diante da câmera, enquanto incendeia “uma pilha de alimentos, que estava dentro de um caminhão, em Gaza”.

“Acendemos a luz neste lugar escuro e queimamos até que não haja nenhum vestígio de todo esse lugar”, diz ele enquanto outro soldado o ajuda no vandalismo. O crime ocorreu na cidade de Gaza, no bairro Shejaiya.

Outro vídeo – o relato é da CNN – “mostra militares [israelenses] queimando alimentos em um lugar onde a situação humanitária é gravíssima e as organizações internacionais alertam para o risco da população morrer de fome”.

Acrescenta a CNN, depois de revisar o vídeo, que esse “é apenas um dos vários que circulam na internet que mostra soldados israelenses em Gaza se comportando de maneira ofensiva e desrespeitosa em relação à população civil”.

“Outras imagens mostram soldados saqueando casas, destruindo propriedades de civis e proferindo discurso de ódio”, registra a CNN.

A rede de notícias norte-americana acrescentou que o comando israelense “não contestou a veracidade dos vídeos, localização ou o envolvimento de soldados” e teria prometido “punição”.

Fonte: Papiro