Com desvalorização do peso e pacote de Milei, os preços são marcados a giz para seguir o ritmo da motosserra | Foto: Divulgação

Sob o pretexto de que é para evitar a “hiperinflação” iminente, o governo Milei pisou fundo no acelerador dos preços, liberando geral dos supermercados aos planos de saúde, o que já se expressou na alta da carne em 73% e de tudo em geral nas gôndolas, bem como da gasolina em 60%. A passagem do metrô vai subir 37,5% já em janeiro. Itens básicos, como as fraldas, aumentaram 100%.

Com seu Plano Motosserra – só um sociopata para tornar uma motosserra símbolo das mudanças que diz querer fazer em pleno século 21 e crise climática -, o presidente fascista liquidou qualquer medida por mínima que fosse de contenção dos monopólios e dos açambarcadores, deu fim aos subsídios ao transporte público e prometeu criminalizar o protesto contra a destruição da Argentina e de seu tecido social e produtivo.

Para acelerar o desmanche do Estado, Milei reduziu, em termos reais, o orçamento da República para 2024 pela metade, ao prorrogar por decreto as dotações orçamentárias de um ano atrás.

Tudo isso em paralelo à redução do poder de compra praticamente pela metade, ao desvalorizar o peso 54% em relação ao dólar.

Segundo o Página 12, há um mês, o chefe do consórcio exportador de carnes ABC, Mario Ravettino, abordou autoridades do governo Milei para dizer-lhes que precisavam chegar a um acordo sobre um corte barato de carne para o mercado interno, dada o risco de que o quilo de assado fosse a 10 mil pesos. A resposta que obteve foi de que, se o grupo quisesse, seria um acordo privado, mas que o novo governo não se envolveria.  “Ravettino saiu de lá com a ideia de que o governo busca garantir que os preços no mercado interno sejam iguais aos preços de exportação”, registrou o jornal.

No comércio, registrou o Página 12, nas gôndolas “há aumentos de mais de 100 por cento” e a remarcação de preços é frenética nessa “comédia maluca dos preços livres”.

Em grupos de WhatsApp de empresários e autoridades, circulou a imagem de uma caixa de arroz de marca top com um preço maluco: 5 mil pesos. Os alimentos, que historicamente eram o produto mais barato da cesta básica, hoje são um luxo.

Ainda de acordo com a publicação, “no tecido empresarial ligado ao consumo já existe uma suspeita mais profunda sobre a razão pela qual o Governo permite uma subida tão forte dos preços, sabendo que este tipo de dinâmica não pode ser travada facilmente”.

Tratar-se-ia na verdade “no caminho anterior para levar a economia à hiperinflação que abre o caminho para a dolarização” – que, todos sabem, é a meta do fascista Milei. Aliás, disse o jornal, há empresários que estiveram em reuniões recentes com as equipes do ministro da Economia, Luis Caputo, e lhe perguntaram “especificamente sobre esse ponto”.

Nesse quadro, os panelaços voltam a fazer parte da cena cotidiana argentina, as centrais sindicais começam a falar em greve geral, enquanto o governo Milei ameaça 7 mil servidores públicos com demissão, além de anunciar a precarização dos direitos trabalhistas o quanto antes e o cerceamento do direito de livre manifestação sob a ministra Bullrich.

Nesse quadro, pesquisas começam a registrar uma queda acentuada na aprovação de Milei, com apenas 37%. Foi o que revelou a sondagem conduzida pela consultoria Javier Miglino y Asociados (JMyA), com 5150 pessoas entrevistadas entre 10 e 23 de dezembro.

Para o diretor da JMyA, o que está fazendo a insatisfação crescer são as “mentiras” e “bravatas” de Milei. “Por mais que os 4 meios de comunicação e seus satélites provincianos digam que tudo vai bem, as pessoas estão tristes e pela primeira vez desde 1810 não tivemos Natal. A mentira e a bravata na campanha são toleráveis. A mentira e a bravata como forma de governo, não”, disse ele.

Fonte: Papiro