Palestinos expulsos de suas casas por Israel batalham por comida nas ruas de Rafah | Foto: Abed Zagout/Anadolu via Getty Images

A presidente da Oxfam América, Abby Maxman, afirmou nesta semana que o assombroso aumento da fome na Faixa de Gaza “é uma consequência direta, contundente e previsível das políticas de Israel e do apoio incondicional do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden”. “A chocante queda de Gaza na fome era tão previsível que foi premeditada, um crime de guerra contínuo por parte do governo israelense”, acrescentou Sally Abi Khalil, diretora regional da Oxfam para o Oriente Médio e o Norte da África.

Na avaliação da entidade de beneficência, sem o apoio militar e diplomático do governo norte-americano ao primeiro-ministro Netanyahu, o regime de Israel não teria conseguido ir tão longe na sua criminosa devastação. O resultado, apontou a Oxfam, é que mais de 90% da população de Gaza se encontra em insegurança alimentar aguda e é crescente o risco de fome generalizada.

A conclusão é da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), iniciativa inovadora de 19 organizações, incluindo a Oxfam e instituições inter-governamentais, para auxiliar na tomada de decisões de políticas públicas de combate à fome.

Divulgado na quinta-feira (21), o estudo alertou para a gravidade e complexidade da situação. “Esta é a maior proporção de pessoas que enfrentam níveis elevados de insegurança alimentar aguda que alguma vez apuramos numa determinada área ou país”, assinalou o relatório, frisando que “são condições catastróficas caracterizadas por famílias que enfrentam escassez extrema de alimentos, fome e capacidade de sobrevivência esgotada”. Em síntese, um verdadeiro caos, sublinhou a IPC, já que toda a população de Gaza encontra-se mergulhada em crise devido a um desabastecimento alimentar cada vez mais agudo e à escassez causada pelos ​​bombardeios, pela campanha militar e o bloqueio israelense.

O levantamento realizado entre 24 de novembro e 4 de dezembro de 2023, descreve a IPC, mesmo que revele números absurdos, provavelmente ainda são uma subestimação do caos atual.

“ISRAEL USA A FOME COMO ARMA CONTRA OS PALESTINOS”

“É abominável e dificilmente concebível que em 2023 as mulheres, as crianças e os bebês, os idosos e os doentes, as pessoas mais vulneráveis ​​tenham transformado os seus alimentos em armas contra si próprios. O horror sentido por uma mãe incapaz de alimentar o seu filho é o horror de Gaza hoje”, disse Sally Abi Khalil,

Para o economista-chefe do Programa Alimentar Mundial (PMA), Arif Husain, “não há nada pior” do que as atuais condições em Gaza. “Nunca vi nada na escala que está acontecendo em Gaza e nesta velocidade”, acrescentou.

O PMA denunciou que 90% dos habitantes de Gaza comem menos de uma refeição por dia, desastre que se agrava pela água contaminada, pela falta de combustível e remédios, o que tem potencializado a propagação de doenças infecciosas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que a “combinação letal de fome e doença” numa das regiões mais povoadas do mundo está multiplicando as mortes e o sofrimento.

A chefe de emergências da Ação Contra a Fome, Noelia Monge, disse que “tudo o que está sendo feito é insuficiente para cobrir as necessidades de dois milhões de pessoas”. “Estamos enfrentando um nível de complexidade numa emergência como nunca vi antes. Não há abastecimento no mercado local e não podemos mais chegar às áreas do norte devido aos combates e à falta de transporte. É uma situação desesperadora”, asseverou.

Diante da gravidade do caso, Abby Maxman exigiu que o governo dos Estados Unidos deixe de acobertar os crimes israelenses, pare de boicotar as votações nas Nações Unidas, e apoie uma resolução do Conselho de Segurança que suspenda imediatamente a agressão e acelere a ajuda humanitária. “Os Estados Unidos não podem seguir impassíveis e permitir que os palestinos morram de fome”, concluiu.

Fonte: Papiro