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Nesta segunda-feira (20), manifestações pelo país marcaram o Dia da Consciência Negra. O ato é realizado todos os anos e defende um projeto de vida para população negra brasileira, em honra à luta de Zumbi e Dandara dos Palmares. Além disso, as pautas contam contra o racismo e por mais dignidade aos negros do país. 

O Dia da Consciência Negra é celebrado neste 20 de novembro para dar visibilidade ao líder que morreu nesta data, em 1695, em combate pela liberdade do povo negro.

Como foco, as organizações e lideranças que organizam os protestos denunciam a escalada da violência policial, que tem vitimado principalmente jovens e crianças negras das periferias.

Em São Paulo (SP), o ato foi realizado na Avenida Paulista, no Centro da capital.

Os grupos da 20ª Marcha do Dia da Consciência Negra se concentraram no Masp para a manifestação. Bandeiras do Brasil e do movimento negro eram exibidas pelas pessoas que compareceram ao ato. Na frente da marcha uma faixa exibia em português e em inglês a frase “Não ao Racismo”. Este é o primeiro ano em que a data é feriado estadual em São Paulo.

Os manifestantes caminharam até o Teatro Municipal tradicionalmente. Grupos também realizaram eventos e atos em outras regiões de São Paulo. Na Zona Norte, o movimento Luta Popular realizou a Marcha da Periferia da Brasilândia em defesa de educação de qualidade, vida digna, saúde pública, cultura e lazer.

Na manhã desta segunda aconteceu a 2ª Marcha da Consciência Negra na Zona Norte. O tema do encontro era anticapitalista, antiimperialista e antirracista.

Em Porto Alegre (RS), ocorreu a Marcha, promovida pelo movimento negro, movimentos sociais e de trabalhadores, na Esquina Democrática, com uma caminhada que seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares.

Organizada pelo movimento negro e de combate ao racismo, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, o tema da marcha deste ano é “Poder para o povo preto, por nossa identidade gaúcha e pelo direito à cidade”.

A manifestação faz parte da programação do “Novembro Antirracista Unificado 2023”, aberto oficialmente no último dia 6, com a homenagem ao Bará do Mercado Público, no centro da capital gaúcha.

Em Porto Alegre, uma lei que transformava o 20 de novembro em feriado foi sancionada em 2015 pelo então prefeito José Fortunati, após ter sido aprovada na Câmara Municipal, mas foi barrada na Justiça. Atendendo a uma ação movida pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio (Sindilojas), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul considerou que a lei era inconstitucional.

A data não é feriado em nenhum município gaúcho. Somente seis estados brasileiros decidiram transformar a data em feriado: Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas e São Paulo. Em 1.260 municípios pelo país, há leis que tornam o dia 20 de novembro feriado, mesmo sem lei estadual.

No Rio de Janeiro (RJ), o ato ocorreu na Avenida Presidente Vargas, uma das mais importantes do Rio de Janeiro, onde fica o Monumento Zumbi dos Palmares, que exibe um busto gigante do herói da resistência negra contra a escravidão. Ativistas, capoeiristas e crianças tomaram os pés do monumento para exaltar o legado do herói negro.

Além de um convite à reflexão, o evento ao redor do Monumento do Zumbi teve música e dança. Um dos grupos que ecoavam ritmos de influência africana foi o Afoxé Filhos de Gandhi.

“Tem uns 20 ou mais anos que sempre estou aqui. Representa muita coisa para nós, negros, principalmente eu, mulher preta. É para lutar mesmo, a gente precisa disso, pela igualdade, contra o racismo”, disse Sandra Porfírio da Silva, que toca xequerê, um instrumento de origem africana, semelhante a um chocalho feito com cabaça.

Outra manifestação cultural de origem negra que deu tom à celebração foi a capoeira. “Nada mais justo do que o nosso estado e o nosso município valorizarem esses atletas artistas e contribuidores para a sociedade”, declarou Mestre Magy, que comandou três apresentações ao longo da manhã de hoje.

Além de expor a herança de negros escravizados, a capoeira também estava presente no evento para ajudar a formar um futuro com consciência negra. A menina Laura Pereira, de 10 anos, que mora em Queimados – município da região metropolitana a 50 quilômetros do centro do Rio – estava pela primeira vez na celebração.

“Como é a minha primeira vez, estou tentando entender como é o evento. Mas que é para valorizar o povo negro e defender direitos e igualdade, isso eu entendo”, argumentou.

Em Salvador (BA), ocorreu a 44ª Marcha Zumbi dos Palmares – Dandara, organizada por entidades do movimento negro na Bahia. Este ano, o evento homenageou a Mãe Bernadete Pacífico, líder quilombola assassinada em agosto, na cidade de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. No ato, as organizações presentes pediram punição aos responsáveis pela morte de Bernadete.

Em Belo Horizonte (MG), o ato ocorreu na Praça Sete, no Centro da cidade. Diante da conjuntura geopolítica, a manifestação, que é convocada por mais de 30 organizações antirracistas, a manifestação também pedia o fim do massacre do povo palestino promovido por Israel, que já matou mais de 11500 pessoas na Faixa de Gaza. O ato reivindica ainda a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti.

Em Campinas (SP), A Marcha Zumbi dos Palmares reuniu cerca de 5 mil pessoas no Centro de Campinas. Os números são da Polícia Militar (PM).

Fonte: Página 8