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Moradores da capital paulista ainda enfrentam transtornos com a falta de energia provocada após as fortes chuvas que atingiram a capital paulista na tarde de sexta-feira (3), causando danos diversos, inclusive mortes. Sete pessoas perderam a vida em todo o Estado até o momento.

Mais de 40 horas após o temporal, moradores continuam sem energia. Cerca de 1 milhão de endereços ainda estão sem luz na cidade de São Paulo, segundo a empresa privada Enel, responsável pela distribuição de energia. A previsão é que o serviço só seja totalmente normalizado até terça-feira (7), conforme a própria distribuidora. 

A empresa, que deveria se empenhar em solucionar o problema da forma mais rápida possível, o que fez foi fechar seus canais de atendimento na sexta-feira, deixando os consumidores à deriva, sem quaisquer orientações. 

As regiões mais afetadas, de acordo com a própria Enel, são as zonas sul e oeste, embora também tenha sido relatada falta de energia nas zonas leste e norte. “A companhia está restabelecendo de forma gradual o serviço, dando prioridade aos casos mais críticos, como serviços essenciais”, disse a Enel na manhã deste domingo (5). Ao todo, 2,1 milhões de clientes foram atingidos desde sexta-feira. A empresa afirma que já normalizou o serviço para cerca de 1 milhão de endereços. 

Na zona sul, moradores da Rua Alcino Braga, Paraíso, estão há mais de 40 horas sem luz e se queixam da dificuldade para obter previsão da Enel. “Muitas árvores caíram na região. Mas é muito tempo sem energia”, diz Kátia Oliveira, moradora do local. “A empresa deu prazo inicial para meia-noite de sábado. Já é domingo, e nada de retorno”, disse. Creio que somente na terça mesmo”. 

No Campo Belo, também na zona sul, Albino Fernandes, que mora na Rua Conde de Porto Alegre, também reclama da demora na normalização do serviço. “Tive que retornar de viagem e tudo que estava na geladeira e no freezer, tive que jogar fora”. Para o cliente, “é uma total falta de respeito com os consumidores”. Se você se atrever a atrasar o pagamento, eles cortam o fornecimento”, afirma. “Os telefones da Enel só dão ocupados”, criticou o morador.

A Enel alega que a dificuldade de atendimento nos canais de call center foi causada pelo alto volume de demandas.

No sábado (4), a concessionária afirmou ainda que a prioridade estava no atendimento a hospitais e serviços essenciais. A Enel garantiu ainda o fornecimento de energia em todas as escolas que aplicarão as provas do Enem neste domingo, o que foi confirmado pelo governo federal. Segundo o governo, as concessionárias irão alocar geradores nos locais de prova em que o fornecimento de energia elétrica não foi restabelecido pelas redes de distribuição.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que, da meia-noite de sábado até o início da tarde do mesmo dia, 258 semáforos tinham sido consertados. “As equipes de manutenção permanecem nas ruas da cidade para restabelecer o funcionamento dos equipamentos o mais brevemente possível.”

A CET disse que, ainda na tarde de sábado, contabilizava 247 cruzamentos apagados por falta de energia e 29 sinalizações registravam outras falhas. Até então, 88 pontos estavam com ocupação total ou com faixas ocupadas por conta da queda de árvores. No sábado, a Prefeitura de São Paulo seguia em atendimento a mais de 1.600 ocorrências.

“Foi uma situação excepcional. Muito fora do contexto”, alegou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ignorando o alerta de tempestades dos institutos de meteorologia. Segundo o prefeito, os ventos superiores a 100 km/h chegaram a maior velocidade já registrada pelo Centro de Gerenciamento da Metrópole (CGE), desde 1995, quando esses dados começaram a ser computados.

Ele informou que cerca de 1,4 mil pessoas atuam no trabalho de corte de árvores e outras 1,9 mil na limpeza. Nunes tentou ainda justificar a incompetência da Enel alegando que as quedas de árvores também exigem desligamentos temporários de energia para a segurança das equipes envolvidas.

Ao lado do diretor de operações da Enel, Vincenzo Ruotolo, Nunes ainda fez elogios às ações da Enel após as chuvas, mas afirmou que usará “da sua autoridade” caso a distribuidora falhe em atender as promessas feitas a ele.

“O que a gente quer é o resultado para São Paulo. Se a Enel responder, a gente vai estar reconhecendo, se ela não responder eu vou tomar minhas atitudes como prefeito, que é o que eu devo fazer”, afirmou, em entrevista coletiva no sábado.

Neste domingo, quando se completam 48 horas da falta de energia, o prefeito assistiu à corrida de Fórmula 1 em Interlagos.

Fonte: Página 8