Terra arrasada em Khan Yunes-Gaza, resultado do intenso bombardeio israelense | Foto: AP

O chefe da Câmara Municipal de Metula, cidade que fica no norte de Israel, em uma declaração bastante representativa da histeria colonial e fascista em voga em Israel, um tal de David Azoulay, propôs que a Faixa de Gaza fosse completamente “destruída e transformada em um museu vazio como o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia” e que sua população palestina fosse transferida à força para “campos de refugiados no Líbano”.

É muito sintomático que ele tenha comparado esta proposta de limpeza étnica radical com o campo de extermínio de Auschwitz, o maior dos montados pelos nazistas no afã de perpetrarem sua “solução final” para a “questão judaica”, em pleno culto à sua suposta raça superior, exatamente enquanto que com relação à Gaza são outros que estão propugnando por uma “solução final” contra os palestinos. Que, aliás, segundo o ministro da ‘Defesa’ de Israel, sequer são humanos, seriam “animais humanos”, no melhor estilo dos manuais colonialistas mais degenerados.

Azoulay fez questão de explicar à Radio 103 FM de Israel que “não é de extrema direita”, conforme registrou o jornal Haaretz.

A seguir, sugeriu que os habitantes de Gaza – isto é, os palestinos – fossem “carregados” em navios da marinha israelense e despejados em campos de refugiados libaneses, “com Gaza transformada em um museu para que o mundo inteiro aprenda o que Israel pode fazer”.

(Parece que o mundo anda aprendendo rápido, como demonstrou a última votação na Assembleia Geral da ONU sobre Gaza e a indiscrição do presidente Biden sobre os “bombardeios indiscriminados”).

O “não-de-extrema-direita” postulou, ainda, que os habitantes de Gaza deveriam ser informados para “irem para as praias” – provavelmente informados por tiros de tanque e bombas aéreas -, onde os navios israelenses “os carregarão – os civis… os terroristas que lá tem – e os colocarão nas costas do Líbano, onde há campos de refugiados suficientes”.

Questionado pelo arguto repórter sobre o que deveria ser feito com a Faixa de Gaza caso o seu plano em relação aos seus residentes fosse aprovado, Azoulay explicou que deveria ser “deixado vazio, tal como Auschwitz. Um museu. Assim, o mundo inteiro aprenderá o que o Estado de Israel pode fazer”.

Ele se absteve de se manifestar em público sobre o que fazer em relação a reabrir as válvulas de gás, nessa macabra metamorfose de Gaza em uma outra Auchwitz.

A Faixa – ele acrescentou, no relato do Haaretz – deveria então ser transformada em uma enorme zona tampão, “do mar até a cerca da fronteira, completamente vazia, para que todos se lembrem do que já existiu lá”.

Para Azoulay, a tarefa atual das forças israelenses é “arrasar tudo, tal como Auschwitz é hoje”, reiterou.

De acordo com o Azoulay, ele podia propor fazer em Gaza uma outra Auchwitz, porque o que aconteceu em 7 de outubro seria um “segundo holocausto”. “O Líbano já tem campos de refugiados, e é para lá que eles devem ir. Devemos deixar Gaza desolada e destruída para servir de museu, demonstrando a loucura das pessoas que viviam lá.”

Provavelmente, para ele matar e ferir mais de 60 mil pessoas, dois terços delas mulheres e crianças, tentar submeter 2,3 milhões de palestinos pela fome e sede e evacuar sob bombas e mísseis 85% da população, é que deve ser sinal da tremenda sanidade que vigora sob o regime de Netanyahu e seu apartheid, além da malsinada aliança com os fanáticos chefes de colonos em terras assaltadas aos palestinos, Gvir e Smotrich.

Uma pequena cidade, Metula é o aglomerado urbano mais próximo da fronteira com o Líbano e – com estas declarações – o esganado político demonstra total menosprezo pelos conterrâneos que o elegeram ao verbalizar esta provocação às forças do Hezbollah acantonadas a pouca distância de sua cidade.

Provavelmente percebendo essa contradição, o repórter indagou ao chefe da Câmara Municipal por que ele achava que as autoridades libanesas, particularmente o Hezbollah, contra o qual Israel combate atualmente, permitiriam que navios da marinha israelense descarregassem dois milhões de palestinos nas suas costas.

De bate pronto, Azoulay asseverou que o Hezbollah vê o que acontece no sul [em Gaza], e enquanto não terminarmos o trabalho lá – querendo lisonjear tudo – o Hezbollah dirá: ‘os israelenses são estúpidos e não [podem ser] contidos.”

Ele acrescentou não conseguir compreender “como Israel não consegue lidar com uma organização terrorista, por mais forte que seja”.

COMENTÁRIOS DE DEMAIS GENOCIDAS

O Haaretz observou que Azoulay é o mais recente político israelense a fazer “comentários altamente controversos” sobre os planos de Israel para uma Gaza no pós-guerra.

No mês passado, o ministro da Agricultura, Avi Dichter, do partido Likud de Netanyahu, disse em uma entrevista que Israel está “implementando a Nakba de Gaza” quando foram mostradas imagens de residentes do norte de Gaza indo para o sul por ordem das FDI, em uma referência aos 800 mil palestinos expulsos de suas aldeias, cidades e lares sob o terror da implantação de Israel de 1948 a 1950.

Já a ministra da inteligência de Israel, Gila Gamliel, apelou em artigo do Jerusalém Post aos países ocidentais para “acolherem” os residentes da Faixa de Gaza, “por razões humanitárias”.

Isto é, solicitou a cumplicidade explícita desses governos com a “Nakba de Gaza”.

A admissão de Dichter surgiu poucos dias depois de outro membro do governo, o Ministro dos Assuntos e Patrimônio de Jerusalém, Amichai Eliyahu, ter posto de lado qualquer limite à psicopatia que impera em Israel, simplesmente advogando, em uma entrevista de rádio, lançar uma bomba nuclear em Gaza. “É uma opção”, ele disse, alegando que “não há não-combatentes em Gaza”.

Fonte: Papiro