Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Seis em cada dez empresários perceberam uma piora no desempenho das vendas em dezembro, o maior percentual desde junho de 2021, segundo informações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nesta quarta-feira (20). A entidade consultou cerca de seis mil empresas situadas em todas as capitais do país.

“As festas de fim de ano não foram suficientes para levar ao otimismo dos comerciantes, apenas amenizando o cenário econômico desafiador observado anteriormente”, destacou a CNC. “Mesmo com os subindicadores referentes às análises atuais e futuras permanecendo com taxas negativas, houve uma redução nas quedas, com a expectativa para economia sendo o único item que obteve uma retração maior do que em novembro (-0,7%)”.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) ficou em 108,9 pontos em dezembro, o que corresponde a uma queda de 1,4% frente a novembro e de 13,2% em comparação com o ano passado, já descontados os efeitos sazonais.

É o quarto mês consecutivo de retração do indicador, “evidenciando uma preocupação mais expressiva dos empresários em relação ao futuro próximo”, avaliou a CNC.

“A trajetória persistente de queda pode ser explicada por alguns fatores, como as incertezas quanto a majoração da carga tributária pós-reforma e sinais de uma atividade econômica mais desafiadora para 2024. Em relação ao último fator, a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da CNC, em dezembro, mostrou queda em relação às perspectivas dos consumidores em consumir, corroborando a queda da perspectiva dos empresários”.

JUROS ALTOS

Em dezembro, o indicador que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,7% ante ao mês anterior. Essa é a primeira vez em dois anos.

De acordo com a CNC, os varejistas também reduziram em maior grau sua intenção de investir na própria empresa. Na análise mensal, este indicador obteve uma retração de 0,7%.

Colaborou para esse recuo “o alto nível dos juros para pessoas jurídicas, que, mesmo tendo arrefecido em outubro, encontra-se quase 0,5 ponto percentual acima do resultado de outubro do ano passado, incorrendo num maior custo para acessar o crédito necessário para aprimorar a empresa.

Com isso, a inadimplência das empresas atingiu o maior nível desde junho de 2018 (3,5%), representando a dificuldade dos estabelecimentos em manter seu fluxo de capital”, disse a entidade.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu mais uma vez realizar um corte minúsculo na taxa básica de juros Selic, de apenas 0,5 ponto percentual, que saiu de 12,25% para 11,75% ao ano, mantendo os juros reais elevados no Brasil e entre os maiores do mundo.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, afirma que “o setor de comércio e serviços ainda vai ter um ano positivo, estamos prevendo uma alta de cerca de 2%. Mas, nos últimos seis meses, a economia como um todo vem reduzindo a sua expectativa sobre o crescimento de 2023 e o empresário vai na mesma linha”,

Desde julho deste ano, as vendas do comércio vêm orbitando em torno de zero: alta de 0,6% em agosto, 0% em setembro e queda de -0,4% em outubro. Já o setor de serviços amarga três quedas mensais consecutivas: -1,4% em agosto, -0,2% em setembro e -0,6% em outubro. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: Página 8