Foto: Itamar Aguiar Palácio Piratini

A atividade industrial brasileira demonstrou uma nova desaceleração em novembro, segundo resultados dos indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados na segunda-feira (18).

De acordo com a entidade, no penúltimo mês de 2023, os indicadores da “Sondagem Industrial” apontaram para o enfraquecimento da atividade econômica do setor, com recuo na produção industrial e no número de empregados na indústria.

“Apesar de ser comum para o período, no último mês, o índice de evolução da produção industrial mostrou uma queda mais intensa que o usual (48,5 pontos) e vem de uma sequência de resultados fracos”, destacou a entidade. Os indicadores da CNI variam de zero a 100 e quando mais distantes da linha divisória de 50 pontos, maior e mais disseminado é o recuo.

Entre os indicadores para empresas de diferentes portes, “todos se encontram abaixo da linha dos 50 pontos”, disse a CNI.  “Os índices para empresas médias e grandes se encontram, respectivamente, 0,5 e 0,7 ponto abaixo das médias dos meses de novembro”. Já para empresas de pequeno porte, o indicador se localiza 0,3 ponto acima de sua respectiva média.

Por sua vez, o indicador de evolução do número de empregados na indústria atingiu 48,9 pontos em novembro frente ao registrado em outubro de 2023. Entre indústrias de diferentes portes, todos os indicadores também se encontram abaixo da linha dos 50 pontos, com destaque para empresas de grande porte, que se encontram abaixo da média dos meses de novembro (-0,1 ponto).

Quase todos os indicadores de expectativas apresentaram recuo em dezembro, com destaque para indicador de expectativas sobre o número de empregados na indústria, que apresentou um recuo de 0,3 ponto em relação ao resultado de novembro, atingindo 49,5 pontos em dezembro de 2023. Esse é o segundo resultado consecutivo de queda do índice.

Na semana passada, a CNI cobrou um corte mais agressivo na taxa de juros Selic pelo Banco Central (BC). “Mesmo com as reduções na Selic em agosto, setembro e novembro, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em 8% ao ano”, criticou a CNI, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de reduzir mais uma vez a taxa Selic em apenas 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 11,75% ao ano.

“O cenário de controle da inflação justifica plenamente a redução da Selic em ritmo mais acelerado”, defendeu o presidente da entidade, Ricardo Alban. “É preciso – e possível – mais agressividade para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas e consumidores”, ressaltou.

Em seu informe conjuntural sobre a economia brasileira, a entidade avaliou que “algumas das características do desempenho econômico de 2023 não configuram um novo ciclo de crescimento sustentado, pois são resultado de fatores conjunturais excepcionais” e “sem aumento do investimento em 2023, não constrói bases para melhor desempenho em 2024”, observou a CNI.

“A política monetária, mesmo com o alívio parcial a partir de agosto, limitou a atividade econômica durante todo o ano”, ressaltou a entidade, que estima que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 deva ser de 3,0%, “taxa de crescimento idêntica à de 2022”. Já as indústrias de transformação e da construção fecharão este ano em queda de -0,7% e de -0,6%, respectivamente, “penalizadas sobretudo pelas altas taxas de juros”.

Fonte: Página 8