Barra, agora nomeado procurador argentino, fazendo gesto nazista quando jovem | Foto: Reprodução

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou na sexta-feira (1º) o nome que ocupará a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no seu governo: o jurista Rodolfo Barra, que no passado integrou um grupo neonazista e chegou a participar de um ataque a uma sinagoga.

Quatro dias antes, no que considerou uma jornada “espiritual”, Milei havia visitado em Nova Iorque o túmulo do rabino Menachem Mendel Schneerson, mais conhecido como “o Rebe de Lubavitch” e que criou fama e adeptos ao se apresentar como arauto do messias.

Apesar de se dizer católico, Milei já manifestou interesse no estudo do livro sagrado do judaísmo, a Torá (nas horas vagas de suas “meditações” com seu cão-guru, o cachorro Conan). Também prometeu visitar Israel, antes da sua posse, em 10 de dezembro.

Em 1996, Barra, que era o ministro da Justiça do governo Menen, foi forçado a renunciar após vir a público que, durante a juventude, ele participou de um grupo neonazista envolvido no ataque a uma sinagoga, o Movimento Nacionalista Tacuara. Foram divulgadas imagens de Barra fazendo a saudação nazista.

Depois dessas fotos, restou a Barra dizer na época que “se fui nazista, me arrependo”. Não se conhecem declarações dele sobre sua vida pregressa como o “jurista das privatizações” de Menem.

Assim, para a nomeação, além dos antecedentes nazistas de Barra, pesou a atuação dele como o ministro da Justiça que deu uma aparência de legalidade às privatizações de Menem, que não passavam de um descarado assalto ao patrimônio público argentino, em prol dos bancos estrangeiros.

A expectativa é que ele use sua expertise para a devastação do Estado a que o fascista Milei se propõe. O órgão que Barra chefiará é responsável por defender a Argentina em julgamentos envolvendo o Tesouro e prestar assessoria jurídica ao Estado.

Na ficha corrida de Barra há também a autoria da chamada “Lei da Mordaça” no período Menem, projeto de lei que buscava cercear a imprensa (folha corrida que, em se tratando de um governo de fascistas, não é propriamente de jogar fora).

A nomeação de Barra foi repudiada pelo Fórum Argentino Contra o Antissemitismo (Faca), que a classificou de “uma afronta direta ao espírito democrático e plural” da Argentina. Outras entidades democráticas também manifestaram contrárias ao afago ao nazista.

“Um novo governo não pode iniciar a sua administração acolhendo em suas cadeiras indivíduos que professem antissemitismo ou qualquer forma de expressão de ódio”, afirmou o Faca sobre a nomeação de Barra. “Pedimos às autoridades que tomem medidas imediatas para corrigir este erro lamentável.”

Torcendo para o barco não balançar muito, Barra esquivou-se de comentar o rechaço a seu nome.

Fonte: Papiro