esistência palestina, Ahed Tamimi ao sair da prisão de Ofer para os braços de familiares | Foto: Clarin

Trinta prisioneiros palestinos foram libertados das prisões israelenses em troca de oito israelenses cativas em Gaza na noite de quinta-feira (30), enquanto o Qatar prossegue seus esforços para manter a trégua, que foi estendida pelo sétimo dia, apesar de sinais de Israel de retomada do genocídio, em meio a recomendações de Washington para disfarçar a crueza da matança.

O retorno dos jovens e crianças palestinas a suas casas foi marcado por novas cenas de emocionada acolhida e mais denúncias de maus tratos nos cárceres do apartheid. As israelenses foram libertadas em dois momentos distintos, primeiro duas e depois outras seis, em outro local, e já se encontram em Israel.

Na troca de quarta-feira, um ícone da resistência ao apartheid, a jovem palestina Ahed Tamimi, de 22 anos, foi uma das trinta mulheres e crianças trocadas por 10 israelenses. Também foram libertadas duas senhoras, com dupla nacionalidade russa e israelense, à margem desse acordo, além de quatro trabalhadores tailandeses que prestavam serviços nos kibutzin nos arredores de Gaza.

AHED TAMIMI

Ahed tornou-se um dos ícones da resistência palestina ao enfrentar, quando tinha 16 anos, a dois soldados israelenses que queriam prender seu irmão de 14 anos, o que foi registrado em um vídeo, que viralizou. Um alto funcionário do Hamas, Basem Naim, disse na quarta-feira que o movimento está disposto a trocar todos os soldados israelenses capturados por todos os detidos palestinos dentro das prisões israelenses.

Ahmed chegou, então, a ficar presa por oito meses, e estava em liberdade há até duas semanas atrás, quando foi novamente detida, a pretexto de uma postagem nas redes sociais.

“CONTINUAREMOS A RESISTIR”

Ao ser recepcionada, Ahed fez um contundente chamado à resistência e à vitória, como registrado pelo Monitor do Oriente Médio.

“Em primeiro lugar, Deus abençoe a todos. Nossa alegria está incompleta porque muitos mártires caíram em Gaza. Na prisão, não tínhamos quaisquer notícias. Há ainda 30 mulheres em cárceres israelenses. Não há comida, água, nada, nem mesmo cobertas. Elas estão dormindo no chão.”, ela afirmou.

“As condições na prisão são horríveis. Dez novas mulheres chegaram de Gaza, que tiveram de deixar seus filhos nas ruas. A situação é muito drástica. Eles humilham todas as prisioneiras e as espancam. O mesmo com os homens presos.”

“Quando eles procederam à minha libertação, eles me ameaçaram sobre meu pai. Eles me disseram: se você disser alguma coisa, vamos matá-lo aqui. Eu saúdo meu pai e todos os presos. A liberdade está próxima e é inevitável.”

“Que Deus seja misericordioso com nossos mártires e nós seremos vitoriosos. Apesar das provações. Nós somos mais fortes que a ocupação e somos resilientes. E continuaremos a resistir. Inshallah, que Deus garanta a alegria da liberdade a todos os prisioneiros.”

“FELICIDADE INCRÍVEL”

“Uma felicidade incrível”, disse à Al Jazeera Abu Youssef Abu Maria, que relatou também o agravamento dos maus tratos sofridos pelos presos palestinos. Ele disse que as autoridades israelenses invadiam as celas dos prisioneiros todos os dias e os espancavam. Ele também disse que os presos não receberam comida suficiente.

“Eu estava na prisão de Ofer”, disse Abu Maria, que acrescentou que sofreu um ferimento na prisão, mas não recebeu atendimento médico. Perguntado sobre o acordo de libertação, ele disse ser uma “felicidade incrível”, mas que fica muito triste “por aqueles que ficaram para trás”.

Fonte: Papiro