Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O volume de brasileiros endividados apresentou uma queda de 0,5% em outubro em relação ao mês anterior, mas o endividamento segue em nível elevado no país. Ao todo, no mês 76,9% da população adulta estava com dívidas a vencer, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

São dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

Do total de endividados, 29,7% estavam com dívidas em atraso, sendo que 13% afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas, mantendo-se assim na inadimplência.

Do total de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores, 48,5% estão com atrasos acima de 90 dias. Entre os quatro grupos, a maior proporção, com 18,3%, são consumidores de baixa renda, sendo o recorde da série histórica do levantamento.

Com a queda da renda e a elevação da inflação que atingiram o país nos últimos anos, muitos brasileiros, durante e após a pandemia de Covid-19, se endividaram fortemente – num ambiente em que o custo do crédito, que já era alto, disparou por consequência do aumento da taxa de juros da economia (Selic) pelo Banco Central (BC), que de agosto de 2022 ao início de agosto de 2023 ficou em 13,75% ao ano, o maior patamar desde 2017. Essa “bola de neve” continuou neste ano, segundo a economista da CNC, Izis Ferreira, responsável pela pesquisa em reportagem do Valor Econômico.

Em outubro, 87% do total de devedores citaram o cartão de crédito como principal vilão das dívidas. “Vale destacar que as concessões no rotativo do cartão caíram 2% em agosto, com os juros alcançando 445,7% ao ano, em média, maior alta (46,1 p.p.) entre todas as modalidades de dívida”, assinalou Izis Ferreira ao divulgar a pesquisa

DESENROLA BRASIL

Nesta segunda-feira (20), começa a nova fase do programa Desenrola Brasil do governo federal, que possibilita a renegociação de dívidas para que brasileiros possam limpar seus nomes e recuperar as condições de crédito.

Nesta nova etapa do Desenrolar Brasil, pessoas que ganham até 2 salários mínimos poderão negociar dívidas de até R$ 20.000. O limite anterior era de R$ 5.000. Só podem ser renegociados débitos auferidos entre 2019 a 2022.

Desde julho deste ano, este programa já atendeu cerca de 2,7 milhões de brasileiros, o que representa mais de R$ 20 bilhões em dívidas renegociadas, segundo dados do governo. Os descontos médios nas dívidas são de 83%, mas em alguns casos podem atingir até 99%.

Fonte: Página 8