Bombas israelenses atingem o Hospital Indonésio em Bet Lahia, Gaza | Foto: Arab News

Pelo menos 11 pacientes e um médico foram mortos e dezenas ficaram feridos em ataque, com tanque, das tropas de ocupação israelenses contra o Hospital Indonésio no norte de Gaza, na madrugada de domingo para segunda-feira (20).

O massacre foi condenado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Tedros Ghebreyesus. Ele se disse “chocado” com os 12 mortos e as dezenas de feridos, inclusive vários em condição crítica, acrescentando que “profissionais de saúde e civis nunca deveriam ter que ser expostos a tamanho horror, especialmente enquanto estão dentro de um hospital”.

Entre os feridos, há pelo menos dois médicos, segundo a Al Jazeera, um deles, o chefe do departamento ortopédico do hospital, Adnan Al-Barsh, de acordo com a Al Quds News Network. O primeiro andar do hospital foi danificado. A direção do hospital apelou à interferência da ONU e da Cruz Vermelha Internacional.

O jornalista palestino Anas al-Sharif, que estava dentro do hospital no momento do bombardeio, disse à CNN que tanques israelenses estavam do lado de fora dos portões principais do hospital, bem como de outros locais nas imediações. “Estamos sob fogo no hospital indonésio e estamos presos lá dentro”, disse.

DESFAÇATEZ

Posteriormente, o exército invasor alegou ter “respondido ao fogo inimigo” de dentro do hospital, e que o ataque visou “diretamente a fonte específica de fogo inimigo”. E, sem qualquer limite à desfaçatez, acrescentou que “nenhum” projétil foi disparado “em direção ao hospital”.

Um pequeno vídeo compartilhado pelo Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina mostrou a equipe médica dentro do Hospital Indonésio ajudando um homem ferido no chão, enquanto outro homem segurava um tubo de diálise pendurado nos escombros.

Segundo o portal libanês Al Mayadeen, o hospital Indonésio é o único que continua operando na cidade de Gaza, e até a sala de operações foi atingida pelo ataque. Há relatos que drones israelenses estariam disparando contra qualquer um que tentasse deixar o hospital.

De acordo com a mesma fonte, 650 pacientes estão sendo atendidos no hospital e são cerca de 5 mil os civis que procuraram abrigo nos pátios do hospital.

GUERRA DE ISRAEL AOS HOSPITAIS

O ataque é apenas o mais recente da guerra de Israel contra os hospitais palestinos de Gaza, que já incluíram o ataque que matou quase 500 no hospital Al Ahli e a invasão e evacuação forçada de outros hospitais, como o Al Shifa, o maior e mais moderno de Gaza, recém concluída sob a mira de arma, e o principal hospital pediátrico.

Na expulsão dos pacientes e médicos do Al Shifa, os familiares foram forçados a carregar seus filhos feridos ou os próprios pais. Foram obrigados a levantar bandeiras brancas enquanto passavam em fila no meio de tanques e soldados, e empurrados para uma rota onde corpos carbonizados estavam espalhados pelas ruas. “São cenas horríveis, sem precedentes”, denunciaram os palestinos.

Já são 198 médicos e profissionais da saúde mortos pelos ataques israelenses, segundo a ministra da Saúde palestina, Mai Al-Kaila. E, além dos hospitais, as violações da lei internacional pelo ocupante israelense incluem, ainda, ataques a ambulâncias e equipes de socorro.

Dois terços dos hospitais do enclave palestino estão fora de serviço devido aos bombardeios ou à falta de água, eletricidade e remédios – a ponto de operações serem feitas sem anestesia.

RECORDE DE FUNCIONÁRIOS DA ONU MORTOS

Por sua vez, em sua mais recente atualização, a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNWRA) denunciou que o total de funcionários mortos desde 7 de outubro chegou a 104. “Este é o maior número de trabalhadores humanitários das Nações Unidas mortos em um conflito na história das Nações Unidas”, disse a agência.

Em paralelo, a Anistia Internacional, após investigar o ataque israelense de outubro à Igreja de São Porfírio em Gaza, a terceira igreja cristão mais velha do mundo, do século 3, pediu ao Tribunal Penal Internacional para apurar o crime de guerra, que matou 42 civis, incluindo 19 crianças. Dezenas de refugiados estavam abrigados na igreja.

O grupo de direitos humanos visitou os locais do ataque, documentou as consequências e entrevistou 14 pessoas, incluindo sobreviventes, testemunhas e líderes da igreja. A organização utilizou imagens de satélite e material de código aberto para verificar os ataques. Apesar de enviar perguntas ao porta-voz do exército israelense, nenhuma resposta foi recebida.

Fonte: Papiro