Trabalhadores da Agência da ONU para Refugiados em Khan Yunis, sul de Gaza | Foto: Mahmud Hams/AFP

Pelo menos 101 funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) já morreram por conta dos ataques de Israel na Faixa de Gaza, denunciou o secretário-geral da entidade, António Guterres, neste domingo (12), afirmando que Israel não protege a população civil no território.

A denúncia foi reforçada pela Agência da ONU para os Refugiados (UNRWA), frisando que esse número tornou o conflito mais mortal para a organização num curto período de tempo.

“Alguns morreram esperando na fila para comprar pão, enquanto outros morreram ao lado de suas famílias em suas casas”, declarou a UNRWA à Reuters, enquanto a devastadora guerra aérea e terrestre de Israel contra os civis palestinos na densamente povoada Gaza continuava, com o argumento de que era uma resposta à ação do Hamas em 7 de outubro passado.

“Devastados. Mais de 100 companheiros da UNRWA mortos foram confirmados em um mês. Pais, professores, enfermeiros, médicos, pessoal de apoio. A UNRWA está de luto, os palestinos de luto, os israelenses de luto”, disse o Comissário-Geral da Agência, Philippe Lazzarini, na rede social X.

“Eles representam o que está acontecendo com o povo de Gaza”, disse Juliette Touma, Diretora de Comunicações da UNRWA. “Eles e qualquer outro civil na Faixa de Gaza (…) nunca deveriam ter sido mortos”.

Segundo as Nações Unidas, na próxima segunda-feira os seus funcionários do mundo todo vão prestar um minuto de silêncio e suas bandeiras serão hasteadas a meio mastro em homenagem às vítimas dos bombardeios em Gaza.

APOIO INABALÁVEL AO POVO PALESTINO

O secretário-geral da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), Hissein Brahim Taha, destacou a solidariedade e o “apoio inabalável” demonstrado por todas as nações “ao povo palestino”, e também reafirmou o compromisso conjunto com a causa central do grupo: a criação do Estado da Palestina, aprovada pela Assembleia Geral da ONU desde 1947, mas que até hoje não foi efetivada.

Taha pediu um “cessar-fogo imediato, duradouro e completo da atual agressão israelense” contra o povo palestino e a abertura de corredores humanitários para fornecer ajuda e insumos essenciais à Faixa de Gaza de maneira adequada e sustentável.

FIM DE ATAQUES À EDUCAÇÃO E SAÚDE

Os diretores regionais do Fundo Internacional de Emergência para Crianças das Nações Unidas (UNICEF), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) pediram medidas internacionais urgentes para pôr fim aos ataques israelenses em curso contra organizações internacionais, escolas e hospitais em Gaza.

Expressaram horror face aos últimos relatos de ataques contra e nas proximidades do Hospital Infantil Al-Rantisi, dos Hospitais Al-Shifa e Al-Quds, e outros na Cidade de Gaza e no norte, matando muitos civis, incluindo crianças. Salientaram que os intensos ataques israelitas em torno de vários hospitais no norte de Gaza estão impedindo o acesso seguro do pessoal de saúde, dos feridos e de outros pacientes.

Nos últimos 36 dias, a OMS registrou pelo menos 137 ataques de Israel aos cuidados de saúde em Gaza, resultando na morte confirmada de 521 pessoas e no ferimento de outras 686 pessoas, incluindo a morte de 16 membros do pessoal de saúde e o ferimento de outras 38 pessoas.

Afirmou que os ataques a instalações médicas e a civis são inaceitáveis ​​e constituem uma violação da legislação e das convenções internacionais humanitárias e de direitos humanos. “Eles não podem ser tolerados. O direito de procurar assistência médica, especialmente em tempos de crise, nunca deve ser negado”, frisou.

“Mais de metade dos hospitais da Faixa de Gaza estão fechados. Aqueles que ainda funcionam estão sob enorme pressão e só podem fornecer serviços de emergência. Cirurgias que salvam vidas e serviços de cuidados intensivos são muito limitados. A escassez de água, alimentos e combustível também ameaça o bem-estar de milhares de pessoas deslocadas, incluindo mulheres e crianças, que estão abrigadas em hospitais e nos seus arredores”, afirma a declaração conjunta emitida por Adele Khodr, Directora Regional da UNICEF para o Oriente Médio, Leste e Norte da África; Ahmed Al-Mandhari, Diretor Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, e Laila Bakr, Diretora Regional do Fundo de População das Nações Unidas para os Estados Árabes.

Fonte: Papiro