Cúpula Extraordinária Árabe-Islâmica reunida em Riad, capital da Árabia Saudita | Foto: Agência de Imprensa Saudita

Líderes da Turquia, Irã, Síria, Egito, Iraque e outros países reuniram-se na Arábia Saudita na Cúpula Árabe-Islâmica Extraordinária no sábado (11) para discutir a situação na Faixa de Gaza, sitiada e sob bombardeio das forças de ocupação israelenses, com morticínio de civis.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, afirmou à Cúpula que “o ocupante israelense acredita que a sua força o protegerá e nos intimidará, mas reafirmo que somos os donos da terra, de Jerusalém e dos lugares sagrados, e a bandeira palestina permanecerá alta e o ocupante desaparecerá”.

“Quem quer que proteja o ocupante tem total responsabilidade por cada gota de sangue derramado na Palestina, e apelamos à comunidade internacional, especialmente aos Estados Unidos, para que detenham a agressão e trabalhem para acabar com a ocupação israelense”, assinalou, fazendo um chamado ao Conselho de Segurança para que “assuma a sua responsabilidade, detenha a agressão contra Gaza, satisfaça as necessidades básicas do nosso povo e evite a sua deslocação”.

“Apelamos ao Conselho de Segurança para que aprove a adesão plena do Estado da Palestina às Nações Unidas e forneça proteção ao povo palestino”, concluiu Abbas.

“Esta é uma catástrofe humanitária que demonstrou o fracasso da comunidade internacional e do Conselho de Segurança da ONU na hora de pôr fim às graves violações do direito humanitário internacional por parte de Israel”, afirmou o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman no discurso de abertura, reiterando o apelo de seu país à “cessação imediata” das operações militares em Gaza.

Bin Salman também apelou a esforços unificados para acabar com o cerco a Gaza e entregar ajuda, acrescentando que a “única solução” para alcançar a estabilidade na região é “acabar com a [política] de ocupação e assentamentos”.

AMEAÇA A GAZA COM BOMBA NUCLEAR

O Secretário Geral da Liga dos Estados Árabes, Ahmed Aboul Gheit, manifestou: “O ocupante israelense tentar deslocar a população da Faixa de Gaza e continua a cometer crimes de limpeza étnica contra ela. Alguns ministros de Israel chegaram ao ponto de ameaçar atacar os palestinos com bomba nuclear. É necessário um cessar-fogo completo em Gaza, que detenha a máquina de matar de Israel e interrompa a deslocamento e a limpeza étnica contra os palestinos.

Por sua vez, o Comissário Geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), Philippe Lazzarini, destacou: “O povo de Gaza sente que o mundo os abandonou e quer que os gritos das crianças sejam ouvidos e que o fogo cesse. As condições no Complexo Médico Al-Shifa são perigosas e apenas um terço das instalações de saúde estão atualmente funcionando em Gaza. A ajuda humanitária deve chegar imediatamente e devem ser disponibilizados fundos suficientes para que a UNRWA desempenhe o seu papel em Gaza”.

75 ANOS DE CRIMES CONTRA A PALESTINA

O presidente sírio, Bashar Al Assad, disse que o ataque do Hamas a Israel impôs uma “nova realidade” que abriu “portas políticas que estavam fechadas há décadas” e que devem ser aproveitadas no Oriente Médio.

“Se não tivermos ferramentas reais de pressão, qualquer passo ou discurso que tomarmos não fará sentido”, destacou o presidente sírio.

“Gaza não é o problema e a causa em si, mas a Palestina. “Gaza é uma expressão flagrante do sofrimento do povo palestino”, expressou o presidente, esclarecendo que Gaza faz parte de um todo e que a atual agressão faz parte de uma história de 75 anos de crimes sionistas.

Al Assad considerou que 32 anos de paz falida teve apenas o resultado de que Israel se tornou mais agressivo e a situação palestina mais injusta, opressiva e miserável

PUNIÇÃO COLETIVA DE ISRAEL NÃO É AUTODEFESA

Por sua vez, o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, também enfatizou que a política de Israel de “punição coletiva” através de assassinatos, cercos e transferências forçadas é inaceitável.

“Isto não pode ser interpretado como autodefesa e deve ser interrompido imediatamente”, disse Sisi, apelando a “um cessar-fogo imediato e sustentável em Gaza”.

O emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, denunciou que os bombardeios israelenses contra hospitais e abrigos na Faixa de Gaza “não impactam mais” os países ocidentais “que afirmam ser defensores dos direitos humanos”.

O presidente do Irã, Ebrahim Raïssi, pediu aos países muçulmanos reunidos em Riad que classifiquem o exército israelita como uma “organização terrorista” pelo seu ataque à Faixa de Gaza.

“PELA INVESTIGAÇÃO DOS CRIMES DE ISRAEL EM GAZA“

No final da reunião da Cúpula Árabe-Islâmica Extraordinária foi aprovada uma declaração cujos principais pontos foram divulgados pela Agência síria SANA:

-Exigir a cessação imediata da agressão israelense contra a Faixa de Gaza e pedir para romper o cerco e impor a entrada imediata de ajuda humanitária árabe, islâmica e internacional.

-Afirmamos a centralidade da questão palestina e apoiamos com todas as capacidades o povo palestino.

-Apelamos ao Tribunal Penal Internacional para investigar os crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestino.

-Criar duas unidades de monitorização dos meios de comunicação social para documentar os crimes das autoridades de ocupação israelense contra o povo palestino e plataformas digitais para publicar e revelar práticas de ocupação ilegais e desumanas.

-Formar uma comissão composta por vários ministros de Assuntos Estrangeiros para trabalhar na transmissão da posição dos líderes dos países árabes e islâmicos à comunidade internacional, e acelerar o fim da guerra de Israel na Faixa de Gaza e aliviar o sofrimento do povo palestino.

-Apelar ao Conselho de Segurança para que tome uma decisão decisiva e vinculativa que imponha a cessação da agressão e detenha a autoridade de ocupação colonial que viola o direito internacional e as resoluções de legitimidade internacional.
-Apelar a todos os países para que parem de exportar armas e munições para Israel porque estão sendo usadas para matar o povo palestino e destruir as suas casas, hospitais, escolas, mesquitas, igrejas e todas as suas capacidades.

Fonte: Papiro