Artistas apontam "horrores" da agressão israelense | Foto: AFP

Milhares de atores, escritores e músicos de todo o mundo, incluindo figuras proeminentes de Hollywood, escreveram cartas abertas ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – país que tem sustentado a política de ocupação de Israel -, para que garanta um cessar-fogo à guerra contra a população palestina da Faixa de Gaza. A conclamação condena “a devastadora perda de vidas e os horrores que se desenvolvem”.

Uma das petições foi lançada pela organização inglesa denominada “Artistas pela Palestina” que já tem mais de 2.000 assinaturas de profissionais predominantemente ligadas ao cinema e teatro.

A carta aberta que alerta para “o espectro da morte que paira sobre Gaza”, tem as assinaturas listadas pelo site da organização cujo link é https://artistsforpalestine.org.uk/2023/10/17/tilda-swinton-among-2000-artists-calling-for-gaza-ceasefire/.

“Metade dos dois milhões de residentes de Gaza são crianças e mais de dois terços são refugiados e seus descendentes forçados a fugir das suas casas. A ajuda humanitária deve poder chegar até eles”, defende outro manifesto. “Salvar vidas é um imperativo moral”, assinala, frisando que nos últimos 12 dias Israel havia lançado mais de 6.000 bombas sobre o pequeno território palestino, “o que provocou a morte de uma criança a cada 15 minutos”.

Entre os destaques que condenam a perda de civis encontram-se Jennifer Lopes, Ben Affleck, Cate Blanchett, Kirsten Dunst, Bradley Cooper e Alan Cumming.

“Acreditamos que toda a vida é sagrada, independentemente da fé ou etnia. Pedimos à sua administração, ao Congresso e a todos os líderes mundiais que honrem todas as vidas na Terra Santa e apelem e facilitem um cessar-fogo. Sem demora: o fim do bombardeamento de Gaza e a libertação segura dos reféns”, acrescenta o documento.

O rapper e cineasta Boots Riley, os músicos Michael Stipe e Ani DiFranco, o diretor Ryan Coogler e os comediantes Hasan Minhaj e Margaret Cho respaldaram a conclamação à paz.

Ripley disse que é essencial em momentos como esse bradar unidos contra a agressão e defender um mundo sem mortandade. Identificando-se como negro e um judeu “radical e orgulhoso”, o rapper escreveu no X (antigo Twitter) que sua família, incluindo sua avó que escapou do Holocausto, lhe ensinou que “’Nunca mais’ significa nunca mais para ninguém”.

“Nós nos unimos como artistas e militantes, mas sobretudo como seres humanos que testemunham a perda devastadora de vidas e os horrores que se desenrolam em Israel e na Palestina. Pedimos que, como presidente dos Estados Unidos, o senhor e o Congresso dos EUA apelem a um cessar-fogo em Gaza e em Israel, antes que mais uma vida seja perdida”, aponta o trecho da carta, que tem apoio da organização internacional Oxfam América.

UNICEF: “SITUAÇÃO HUMANITÁRIA ATINGIU NÍVEIS LETAIS”

O manifesto repercute a declaração do porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Elder, sobre a catástrofe humanitária provocada pelos bombardeios israelenses. “As crianças e as famílias em Gaza ficaram praticamente sem comida, água, eletricidade, medicamentos e acesso seguro aos hospitais, depois de dias de ataques aéreos e cortes em todas as rotas de abastecimento. A única central eléctrica de Gaza ficou sem combustível na tarde de quarta-feira, cortando a energia, tratamento de água e águas residuais. A maioria dos residentes já não consegue obter água potável junto de prestadores de serviços ou água doméstica através de canalizações… A situação humanitária atingiu níveis letais e, no entanto, todos os relatórios apontam para novos ataques. A compaixão (e o direito internacional) devem prevalecer”, enfatizou.

“Além da nossa dor e luto por todas as pessoas ali presentes e pelos seus entes queridos em todo o mundo, somos motivados por uma vontade inabalável de defender a nossa humanidade comum”, sustenta a coligação Artists4Ceasefire. E acrescenta: “Defendemos a liberdade, a justiça, a dignidade e a paz para todas as pessoas e temos um profundo desejo de impedir mais derramamento de sangue”.

“Recusamo-nos a contar às gerações futuras a história do nosso silêncio, de que ficamos à margem e não conseguimos nada. Como disse o chefe de ajuda de Emergência da ONU, Martin Griffiths, ‘a história está nos observando’”, frisa a carta

A coalizão de Escritores contra a Guerra à Gaza deu nome à agressão sionista: “genocídio”, posição compartilhada por personalidades destacadas como Saul Williams, Susan Sarandon, Janeane Garofalo, Gael García Bernal e o ensaísta Ocean Vuong.

O editor-chefe da revista Artforum, David Velasco, foi demitido logo após a publicação ter divulgado uma carta aberta em resposta à guerra. Diante da perseguição o célebre fotógrafo americano Nan Goldin e outros artistas disseram que não trabalharão mais com a Artforum para a revista, informou o New York Times.

“Nunca vivi um período mais assustador”, disse Goldin, que é judeu e assinou a carta aberta, ao Times. “As pessoas estão na lista negra. As pessoas estão perdendo seus empregos”, protestou.

Fonte: Papiro