"Apenas o fim da ocupação das terras palestinas atende ao interesse dos dois povos", afirma o deputado Cassif | Foto: Yonatan Sindel/Flash90

O Knesset (parlamento de Israel) aplicou uma suspensão do mandato do deputado Ofer Cassif como “retaliação por expressar sua oposição ao massacre perpetrado por Israel em Gaza”.

“É mais um prego no caixão da supressão da liberdade de expressão em Israel”, condenou o deputado que integra a bancada da coalizão Hadash-Ta’al (que inclui comunistas israelenses em aliança com o partido Ta’al de maioria árabe entre seus integrantes).

Antes de sua eleição, Cassif foi professor de Ciência Política na Universidade de Tel Aviv  

Não é a primeira vez que ele sofre agressão por se opor à política racista, segregacionista e de assalto a terras palestinas. Foi espancado por policiais israelenses em  9 de abril de 2021, quando participava de um protesto contra despejos e demolição de prédio no lado árabe de Jerusalém.

“Estamos profundamente atingidos pelo contínuo derramamento de sangue e pelo estreitamento do espaço democrático por um governo que está efetivamente cometendo um massacre e ambiciona guerra e violência”, acrescentou o deputado, ao repudiar sua suspensão através das redes sociais.

O Comité de Ética do Knesset alegou – para efetivar a suspensão de Cassif – que ele teria dito que Bezalel Smotrich, colono em terras assaltadas aos palestinos na Cisjordânia, ministro do atual governo, estava buscando uma “solução final” para os palestinos (uma referência ao termo usado pelos nazistas para o extermínio de judeus).

“São declarações políticas legais, legítimas e morais”, defendeu o deputado. “O governo da atrocidade está conduziindo ao desastre o povo de Israel contra o povo palestiniano”, enquanto põe em prática uma cruzada “contra qualquer pessoa que levante uma voz crítica e de oposição”.

O partido que Ossif representa, o Partido Comunista Israelense defende, desde 1967, a “urgência de lutar para acabar a ocupação e reconhecer os legítimos direitos do povo palestiniano e as suas justas reivindicações”.

“Acabar com a ocupação e instaurar uma paz justa está no claro interesse de ambos os povos”, proclama o PCI.

Ao mesmo tempo em que suspendeu Cassif, o Knesset aprovou a censura a agências de comunicação social que não se alinham com o regime israelense. No regulamento aprovado nesta sexta-feira, 20, o governo de Netanyahu passa a ter poderes para «encerrar temporariamente canais de comunicação social estrangeiros durante estados de emergência», se considerar que o canal prejudica a “segurança nacional”.

A medida é uma ameaça direta à rede Al Jazeera (conforme expresso pelo atual ministro da Comunicações de Israel, Shlomo Karhi). As ameaças surgem agora que o canal desmontou várias mentiras apresentadas por Israel em relação ao ataque ao Hospital al-Ahli, no Norte de Gaza, que vitimou centenas de pessoas.

Depois de sofrer repúdio mundial por mais este crime hediondo, ministros do governo de Netanyahu, que antes comemoravam o macabro ‘feito’, passaram a tentar botar a culpa da carnificina no grupo que atua em Gaza, o Jihad Islâmico, que não possui em seu arsenal de foguetes artefato com o poder de destruição do míssil que caiu no hospital vitimando 500 palestinos.

Fonte: Papiro