Rejeição ao envio de bilhões em armas para Israel está crescendo no Departamento de Estado | Foto: Huffington Post

O funcionário veterano do Departamento de Estado, Josh Paul, responsável pelo envio global de armamentos, renunciou publicamente, citando a decisão dos EUA manter a “assistência letal” ao continuar mandando armas para Israel.

Em sua carta de demissão de quarta-feira (18), Josh Paul, que trabalhou nos últimos 11 anos no principal órgão de fornecimento e transferência de armas para países parceiros e aliados dos Estados Unidos, afirmou que a “resposta” do governo Biden ao conflito é uma “reação impulsiva baseada em viés de confirmação, conveniência política, falência intelectual e inércia burocrática”.

“O fato é que o apoio cego a um lado é, no longo prazo, destrutivo para os interesses das pessoas em ambos os lados. Eu temo que estejamos repetindo os mesmos erros que cometemos nas últimas décadas e eu me recuso a fazer parte disso por mais tempo”, assinalou.

Vários servidores relataram que seus colegas também estão pensando em renunciar, como Paul fez, uma medida que foi vista como uma grande perda para o Departamento de Estado, segundo o HuffPost.

“Nas últimas 24 horas, tenho recebido muitas ligações e mensagens de colegas… com palavras de apoio realmente encorajadoras e muitas pessoas dizendo que sentem o mesmo e que é muito difícil para elas”, disse Paul ao portal.

OPOSIÇÃO NO DEPARTAMENTO DE ESTADO

“Há basicamente um motim fermentando dentro do Estado em todos os níveis”, disse em sigilo um funcionário do Departamento de Estado de Washington à publicação HuffPost, afirmando que vários diplomatas estão preparando um manifesto dissidente contra o apoio do governo de Joe Biden às operações de Israel em Gaza.

Durante um discurso nacional na quinta-feira (18), provocando a reação dos funcionários, o presidente norte-americano disse que enviaria um pedido suplementar ao Congresso na sexta-feira (20) para fornecer a Israel e à Ucrânia fundos urgentes de segurança. E foi o que fez: solicitou nesta sexta-feira (20) ao Congresso americano a liberação de US$ 14,3 bilhões (R$ 72,3 bilhões) para bancar Israel em seu massacre na Faixa de Gaza, que completa duas semanas neste sábado (21). Do total, US$ 10,6 bilhões (R$ 53,6 bilhões) seriam em ajuda militar, segundo informações da agência de notícias Reuters.

O presidente norte-americano defendeu as armas e munição para o genocídio dizendo que é uma “ajuda à segurança’ o que “aprimoraria a vantagem militar qualitativa de Israel”.

A matéria afirma que os diplomatas estão preparando o que é conhecido como “cabo dissidente” — um documento que critica a política do Departamento de Estado e que passa por um canal protegido até aos líderes da agência.

Alguns funcionários acreditam que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e os seus assessores não estão interessados nos conselhos dos próprios especialistas do Departamento de Estado. Eles também têm a sensação de que os EUA não vão agir para conter as ações israelenses, afirma a reportagem.

O presidente dos EUA, Joe Biden, foi muito criticado por tentar usar a dita ‘luta de Israel contra o Hamas’ para promover ajuda adicional ao regime de Kiev. Avaliando o discurso de Biden à nação na quinta-feira, o senador Vance, republicano de Ohio, criticou-o como “completamente vergonhoso”.

Vance recorreu à plataforma de mídia social X (antigo Twitter) para denunciar o presidente por usar o último acirramento do conflito Palestina-Israel para “vender sua desastrosa política para a Ucrânia a americanos céticos”. Ele acrescentou que estes dois “não são os mesmos países” e não enfrentam “os mesmos problemas”.

Fonte: Papiro