Xi Jinping recepcionou Putin durante encontro da Nova Rota da Seda em Pequim | Foto: Zhang Ling/Xinhua

Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, destacaram, durante o Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional, em Pequim, que “as ameaças comuns” fortalecem cada vez mais as suas relações e a “crescente confiança mútua” na construção de um planeta multipolar mais justo.

O sucesso do encontro internacional, realizado nos dias 17 e 18, com a presença de 130 países, foi registrado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, que anunciou que esta edição contém acordos avaliados de US$ 97,2 bilhões contra US$ 64 bilhões dos realizados em 2019.

No décimo aniversário da iniciativa chinesa da infraestrutura das Novas Rotas da Seda, em sua primeira viagem ao exterior após o início do conflito com a Otan na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o líder do Kremlin assinalou o significado desta aproximação estratégica. “Fatores externos e conflitos no desenvolvimento das relações russo-chinesas são ameaças comuns que reforçam a cooperação entre a Rússia e a China”, assinalou, acrescentando que “vê com otimismo as perspectivas” de cooperação com o aliado oriental num momento em que as sanções ocidentais pesam.

Xi Jinping parabenizou o patamar das relações que as duas potências alcançaram e destacou “a confiança política que está continuamente se aprofundando”, com “uma coordenação estratégica estreita e eficaz e o comércio bilateral em máximos históricos”. “Nos encontramos 42 vezes nos últimos dez anos. Desenvolvemos uma boa relação de trabalho e uma amizade profunda”, frisou o dirigente chinês.

Durante a reunião, Xi comemorou que os governos de ambos os países “estão colocando em prática os importantes consensos” alcançados pelos dois dirigentes durante as reuniões anteriores, fazendo com que o comércio bilateral atinja “máximos históricos, avançando constantemente em direção à meta que estabelecemos de 200 bilhões de dólares”.

Lembrando que em 2024 será comemorado o 75º aniversário do estabelecimento das relações entre os dois países, Xi observou que a China quer trabalhar com a Rússia para “forjar a tendência histórica do desenvolvimento global baseado nos interesses dos povos”. “Temos que continuar a enriquecer a nossa cooperação bilateral, refletindo a nossa responsabilidade como potências, e continuar a contribuir para a modernização dos nossos dois países”, defendeu Xi, propondo redobrar esforços “para salvaguardar conjuntamente a justiça internacional e promover o desenvolvimento global”.

Diante dos inúmeros representantes, o líder chinês aproveitou a abertura do Fórum do Cinturão e da Rota para esclarecer que o evento “visa aumentar a conectividade política, de infraestrutura, comercial, financeira e entre pessoas, injetar um novo impulso na economia global”.

Daí a relevância da integração e de uma nova ordem, acrescentou Xi, reiterando que o seu país se opões às práticas de “sanções unilaterais, coerção econômica, dissociação e desligamento” aplicadas pelos EUA-Otan e que não participará de “confrontos ideológicos, jogos geopolíticos e confrontos de bloco. Para o comandante chinês, há quem trate “o desenvolvimento dos outros como uma ameaça e a independência como um risco”. “Isso não melhorará a vida de ninguém nem acelerará o seu desenvolvimento”, assinalou.

Putin elogiou a ideia da Rota da Seda e reiterou estar conectado com a China na disposição de partilhar “uma aspiração, que é uma cooperação benéfica que respeita a diversidade cultural e os modelos de desenvolvimento de cada país”.

“Esperamos que as Rotas realmente proporcionem soluções coletivas e eficazes para problemas internacionais relevantes”, defendeu Putin, para quem a conectividade é “importante para todos, para criar novos nós logísticos e ter corredores que ofereçam diversificação de abastecimento”.

“Nas difíceis condições atuais é especialmente necessária uma estreita cooperação da política externa, que é o que estamos fazendo. E hoje refletimos isso tudo e nossas relações bilaterais, antes de mais. Há pouco o senhor [Xi Jinping] mencionou nossas tarefas de alcançar US$ 200 bilhões [nas nossas] trocas comerciais no corrente ano. Se compararmos ano por ano, (ontem à noite estivemos analisando), nos últimos 12 meses já atingimos US$ 200 bilhões. E se olharmos para este ano todo, superaremos esta meta sem dúvida”, concluiu Putin.

Fonte: Papiro