Bombas israelenses transformam a cidade de Gaza em uma imensa ruína | Foto: AFP

A União Africana e a Liga Árabe instaram Israel a cessar imediatamente as hostilidades em Gaza e, ao mesmo tempo, apelaram à ONU e à comunidade internacional “a impedirem uma catástrofe que se desenrola diante de nós, antes que seja tarde demais. ”

“Expressamos a nossa rejeição categórica ao assassinato de civis e sublinhamos a necessidade de abrir corredores humanitários para entregar ajuda à Faixa de Gaza”, disse o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, no X (antigo Twitter) no domingo, após uma reunião com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat.

As representações árabe e africanas consideraram a ordem de evacuação emitida pelo exército israelense para todos os 1,1 milhão de residentes do norte de Gaza como “uma violação do direito internacional” e apelaram à ONU e à comunidade internacional para que tomem medidas firmes contra.

“As duas organizações sublinharam a necessidade urgente de evitar a escalada, enfatizando que uma operação terrestre israelense envolveria, sem dúvida, um grande número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, o que poderia levar a um genocídio sem precedentes”, afirmaram a União Africana e a Liga Árabe em sua declaração conjunta.

Israel atacou Gaza com uma intensa campanha de bombardeamentos, matando mais de 3.000 palestinos e ferindo quase 11.000, após incursão do Hamas no seu entorno, em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.300 israelenses mortos. Faz 56 anos que Israel se nega a cumprir a resolução 242 da ONU que determina a devolução dos territórios ocupados, e 30 anos dos Acordos de Oslo por “Dois Estados”. Já se passaram 75 anos desde a “Nakba”, a expulsão dos palestinos de seus lares ancestrais, talvez a mais notória operação de limpeza étnica do século 20. Na última década, o apartheid israelense contra os palestinos tornou-se indisfarçável, e serviu de liga para o regime Netanyahu-Gvir.

Na quinta-feira, Israel anunciou que era iminente sua ofensiva militar por terra contra Gaza e ordenou que a metade da população de Gaza se deslocasse para o Sul. A fronteira com o Egito permanece fechada desde terça-feira (10), devido aos ataques aéreos israelenses.

O Egito, membro da Liga Árabe, anunciou sua disposição de coordenar voos de ajuda humanitária para a população de Gaza, exigindo que Israel se abstenha de atacar o lado palestino da passagem da fronteira.

A declaração conjunta de domingo da Liga Árabe e da União Africana descreveu o quadro em Gaza como “perigoso”, com o setor da saúde “à beira do colapso”. Africanos e árabes insistiram na criação de um corredor humanitário para fornecer ajuda básica à população, que “carece de água potável e de eletricidade”.

No mundo inteiro, multiplicam-se os protestos contra o apartheid de Israel na Palestina e em apoio ao sofrido povo de Gaza. Parte dos que saíram manifestando apoio ao “agredido Israel”, começam a declarar que o regime de terror de Netanyahu já está passando da suposto “direito de autodefesa” para se mostrar “uma punição coletiva” aos palestinos. Isto é, uma folha de parreira para a tentativa de uma “segunda Nakba”. Planos que, unindo o útil ao agradável, talvez incluam a apropriação do campo de gás em frente a Gaza, como já começa a ser denunciado.

Fonte: Papiro