Crianças feridas chegam ao hospital Al Shifa, superlotado e próximo do colapso | Foto: Dawood Nemer/AFP

“Uma catástrofe” ameaça a população de Gaza sob cerco militar israelense total, advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (16).

O diretor regional da OMS, Ahmed Al Mandhari, alertou que “restam 24 horas de água, eletricidade e combustível” em Gaza, o que chamou de “verdadeira catástrofe”.

“Se a ajuda não chegar, os médicos terão de preparar atestados de óbito para seus pacientes”, ele acrescentou.

Alerta também repetido pelo escritório humanitário das Nações Unidas (OCHA), de que as reservas de combustível em todos os hospitais em Gaza deverão durar “apenas mais 24 horas”. “O desligamento dos geradores de reserva colocaria em risco a vida de milhares de pacientes”, disse o órgão da ONU.

A única central elétrica de Gaza foi encerrada por falta de combustível depois de Israel ter isolado completamente o território palestino e o governo Netanyahu segue recusando abrir a passagem na fronteira com o Egito e decretar cessar-fogo para que o combustível possa chegar.

Nas últimas 24 horas, 254 Palestinos foram mortos pelos ataques israelenses, que continuaram noite adentro. Os palestinos mortos já passam de 3.000 e quase 11.000 feridos. 64 por cento de todos esses mortos são crianças e mulheres. 37 médicos e paramédicos foram mortos e as ambulâncias não param de ser alvejadas.

Nas estimativas das autoridades palestinas, um milhão de civis foram forçados a fugir de suas casas, enquanto a operação de limpeza étnica prossegue dia e noite e já se fala em uma “segunda Nakba”.

Os hospitais estão lotados de feridos e as equipes médicas estão à beira da exaustão. Nem sequer os hospitais – e seus pacientes – foram liberados da ordem de “evacuação” dada pelo exército israelense.

Hussam Abu Safiya, chefe da pediatria do hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, disse à Associated Press que a instalação não foi evacuada, apesar da ordem de Israel na sexta-feira. Havia sete recém-nascidos na UTI ligados a ventiladores, disse ele, acrescentando que a evacuação “significaria a morte deles e de outros pacientes sob nossos cuidados”.

Al-Mandhari disse que os hospitais conseguiram transferir alguns pacientes móveis para fora do norte, mas a maioria dos pacientes não pode ser evacuada.

Voluntários do Crescente Vermelho e da Cruz Vermelha Internacional anunciaram sua recusa a abandonar seus pacientes à própria sorte.

Segundo denunciou a Al Jazeera, enquanto Israel expulsa sob bombas centenas de milhares de palestinos do norte de Gaza, quando chegam – se chegam – ao sul, se deparam com mais bombas israelenses, que não param o dia inteiro.

No relato da agência de notícias árabe, “ambulâncias carregando gente ferida, a maioria crianças, seguem chegando ao hospital al-Nasr em Khan Younis. Dentro do hospital superlotado, a situação esta se deteriorando”.

Os médicos nos dizem que estão ao ponto de terem de decidir entre pacientes: quem salvar e quem deixar ir por causa da falta de capacidade, recursos médicos e equipamento.

Fora do hospital – acrescenta a Al Jazeera – a cena não é tão diferente. Milhares de famílias que fugiram de suas casas e chegaram ali se abrigam nos pátios do hospital. Eles deitam em qualquer lugar que possam achar.

O grupo com base na Inglaterra, Medical Aid for Palestinians (MAP), disse que os hospitais em Gaza estão enfrentando uma escassez “catastrófica” de suprimentos médicos, em meio ao bloqueio total israelense. Suprimentos de emergência, trauma e cirurgia estão acabando rapidamente nos hospitais e clinicas, disse o diretor da MAP na Cisjordânia, Aseel Baidoun. “Falta sangue e remédios”, acrescentou.

“As equipes médicas estão exaustas e não são capazes de dar conta dos milhares de feridos que vêem todos os dias. Os ataques aéreos israelenses danificaram 24 instalações de saúde, incluindo 16 hospitais”.

Fonte: Papiro