Ministra anuncia investimentos milionários para popularizar ciência
Com o objetivo de popularizar a ciência em todo território nacional e estimular sua socialização como ferramenta de transformação social, foi oficialmente aberta nesta terça-feira (17), em Brasília, a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Durante o evento, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou investimentos milionários para fomentar essa frente de atuação da pasta.
“Queremos uma ciência democrática, para todos e todas. Por isso, neste ano de 2023, vamos investir R$ 100 milhões em ações de popularização da ciência. É o maior investimento já realizado para aproximar a ciência das pessoas. Queremos esse país repleto de feiras, mostras, olimpíadas científicas e espaços científico-culturais”, disse Luciana.
A ministra também destacou que, como parte da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, serão investidos R$ 250 milhões para implementar laboratórios makers — estruturas voltadas para o desenvolvimento de competências digitais — nas escolas públicas. “Com isso, as crianças terão contato com práticas ‘mão na massa’ e acesso às tecnologias no processo de aprendizagem. Nosso desafio é promover iniciativas para que a educação científica seja algo prazeroso e vinculado à vida cotidiana”, explicou.
Com relação aos propósitos da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) — instituída em 2004, no primeiro governo do presidente Lula —, a ministra apontou: “não queremos que a ciência seja um assunto de poucos, que fique restrita às universidades e aos institutos de pesquisa. Esse é o objetivo deste evento: aproximar as pessoas do fazer científico e despertar o interesse sobre a ciência desde a infância”.
Para levar essa meta adiante, a 20ª SNCT, que acontece até o dia 23 de outubro, contará com feiras e mostras científicas, palestras, cursos, oficinas, experimentos, atividades de observação do céu e visitas a museus e instituições de ciência e tecnologia em todo o Brasil (veja aqui a programação).
Essas atividades, argumentou Luciana, “articulam ciência, cultura e sociedade, trazendo temas e atividades conectados com o nosso tempo. Porque popularizar a ciência é uma chave para a mudança, para que tenhamos, no futuro, uma produção científica e tecnológica de ponta”.
Neste sentido, salientou a necessidade de despertar o interesse pela ciência desde a infância e garantir que a área reflita a cara do povo brasileiro em toda sua diversidade, aspecto fundamental para garantir também excelência.
Luciana acrescentou, ainda, o objetivo é integrar as ações de educação, ciência e tecnologia do governo federal. “Temos discutido, junto com o MEC, estratégias para que as ações de educação científica e de popularização da ciência possam integrar nossas políticas públicas de educação. Porque nós precisamos de uma escola que vivencie a cultura científica”.
Ao falar sobre o tema escolhido para a 20ª edição da SNCT — “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável” —, a ministra pontuou que a abordagem está alinhada às iniciativas da ONU e às políticas para retomada do crescimento do país, “que se amparam na ciência, na inclusão e na sustentabilidade”.
Para ela, “as Ciências Básicas nos ajudam a compreender as mudanças climáticas, podendo indicar alternativas científicas e tecnológicas para a redução de impactos negativos ou mesmo para a melhoria da vida no planeta”.
A ministra também enfatizou que “vivemos, no passado recente, um período difícil para a ciência, de negacionismo, de corte de recursos e desmonte das políticas de popularização da ciência. Mas esse período ficou para trás. E é uma satisfação dizer: a ciência voltou, o Brasil voltou”.
Por fim, a ministra chamou atenção para a importância de a sociedade e a comunidade científica se envolverem no processo de construção da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que não era realizada há dez anos e cuja etapa nacional acontecerá em julho de 2024.
Integração
A importância dada à integração da ciência, tecnologia e inovação com outras áreas de atuação do governo e da sociedade se refletiu no conjunto das autoridades e das lideranças e representantes de entidades e movimentos sociais presentes ao evento.
“Precisamos transformar o modelo insustentável de desenvolvimento que temos hoje em um sustentável, para que a gente consiga, ao mesmo tempo, criar emprego, gerar renda e melhorar a vida das pessoas protegendo as bases naturais do nosso desenvolvimento. O meu ministério precisa muito da contribuição da ciência”, explicou a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Ela também destacou os prejuízos causados pelo negacionismo e saudou os profissionais da ciência e da saúde que resistiram ao bolsonarismo.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, declarou que a ciência não pode ficar numa “torre de marfim” e que seus fundamentos “são atacados diariamente”. Nesse sentido, salientou a importância de restabelecer a cultura da vacinação e enfrentar a desinformação. “Hoje temos de não só retomar essas agendas, mas construir uma sólida base de informação com a nossa sociedade e colocar a ciência como parte essencial da democracia e da soberania do país”.
O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou o processo de reconstrução do país promovido pelo governo Lula e defendeu a parceria federativa para alcançar esse objetivo. “Este evento busca estimular e trazer experiências de todos os cantos do país voltados ao estímulo das crianças e jovens para pesquisar, para olhar para a inovação, para ser pesquisador e professor. Muita gente tem vergonha de ser professor — o professor tem de ser a profissão mais importante de uma nação, precisa ser valorizado”.
Santana também enfatizou que “95% da pesquisa e da ciência deste país são feitos em instituições públicas”, o que mostra a importância de se investir no setor.
Também participaram da cerimônia, entre outros, os ministros do gabinete de Segurança Institucional, Marcos Antônio Amaro e da Advocacia Geral da União, Jorge Messias; a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), vice-presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara, e o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), da comissão homônima do Senado; o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda; o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Getúlio Marques; o presidente da Finep/MCTI, Celso Pansera; o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Ricardo Galvão; e os presidentes da UNE, Manuela Mirella, e da Ubes, Jade Beatriz e da ANPG, Vinícius Soares.