A Operação Contenção – que resultou numa chacina na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro (RJ) – rendeu uma alta de dez pontos percentuais na aprovação do governador bolsonarista Cláudio Castro (PL-RJ). Mas o ganho em popularidade não se traduziu numa percepção melhor da segurança pública no estado.

Ao contrário: a mesma pesquisa que apontou a popularidade crescente de Castro revelou a continuidade do drama da população fluminense em proporções ainda mais críticas. Conforme levantamento Genial/Quaest realizado nos dias 30 e 31 de outubro, 52% acreditam que o Rio de Janeiro está “menos seguro” após a megaoperação policial, com seu saldo de mais de 120 mortos.

Para 35%, o estado ficou mais seguro. Outros 13% são sabem ou não responderam. Entre as mulheres, o pessimismo é maior: 60% delas preveem mais insegurança, ante 44% dos homens. O índice também sobressai entre os mais jovens, de 16 a 30 anos (61%).

A Quaest perguntou aos moradores se eles têm medo de uma reação do tráfico, que faça o conflito escalar. Nada menos que 75% dizem que sim, contra 24% que afirmam que não. É novamente um temor maior para mulheres (81%) do que para homens (65%), mas os dois índices são expressivos. Mesmo com a “matança de bandidos”, o impacto é limitado na mentalidade dos moradores. Entre as pessoas que se declaram “lulistas”, 87% admitem o medo de um contra-ataque do crime organizado.

Os entrevistados tampouco querem uma repetição do modelo de operação, que não contou com o apoio do governo federal. De acordo com 62%, o governo do Rio de Janeiro não tem capacidade de combater o crime organizado sozinho. Quando questionados sobre o ente mais preparado, as opiniões se dividem: 31% citam a força nacional do governo federal, 30% mencionam as forças policiais nos estados e 28% falam do Exército.

A pesquisa ouviu, presencialmente, 1.500 moradores do Rio de Janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais.