Riyad Mansur, embaixador da Palestina na ONU, em reunião do Conselho de Segurança | Vídeo

Riyad Mansur, embaixador palestino junto à ONU, destacou que “uma outra rota é possível, mas não pode ser uma que ignore os direitos e a vida do povo palestino. Ela deve nos garantir iguais medidas de liberdade e segurança”.

“Israel não tem o direito de lançar uma guerra de escala total contra uma nação e seu povo, contra suas terras, seus sítios sagrados e esperar a paz em troca”, disse o embaixador palestino junto à ONU, Riyad Mansour.

Ele falou, neste dia 8, logo após a incursão encabeçada pelo grupo Hamas em território israelense que já deixou, como consequência, perto de dois mil mortos entre israelenses e palestinos. “Uma outra rota é possível”, enfatizou. “Mas não pode ser uma que ignore os direitos e a vida do povo palestino. Ela deve garantir a eles iguais medidas de liberdade e segurança. Não se pode estar ao lado da paz se não se coloca contra a ocupação”, esclareceu.

“Infelizmente, a história – para alguns políticos e parte da mídia – começa quando alguns israelenses são mortos”, disse ao destacar que “nosso povo tem sofrido um ano ruim depois de outro”.

“Temos vindo a este Conselho de Segurança mês após mês, alertando sobre as consequências da impunidade desfrutada por Israel e acerca da inação da Comunidade Internacional. Há um ano atrás, em outubro, declaramos, diante do Conselho de Segurança de que o povo palestino será livre. Um dia ou outro, por um caminho ou outro”, expôs o embaixador.

“Nós escolhemos o caminho pacífico, aquele que a Comunidade Internacional advoga. Não deixem que Israel nos prove que estivemos errados. Pelo nosso bem e pelo deles”, prosseguiu. 

Em sua declaração ao Conselho de Segurança da ONU, o representante palestino lembrou que Israel exacerbou o bloqueio, com um cerco à Faixa de Gaza dizendo que o faz “para destruir o Hamas” e “garantir a segurança”.

“De forma clara e previsível, seu bloqueio não consegue nenhuma das duas coisas”, pontuou.

“ISRAEL INFLIGE SOFRIMENTO SOBRE UMA POPULAÇÃO INTEIRA”

“A única coisa que, de fato, Israel conseguiu foi infligir terrível sofrimento sobre uma inteira população civil.  Chegou a hora para o fim imediato da violência e do derramamento de sangue e é tempo de acabar com o bloqueio e de abrir uma solução política”, continuou.

Após a ofensiva do Hamas contra Israel, ocorrida no sábado (7), o Brasil pediu que fosse feito um esforço para que o conflito desescalasse. 

Já os Estados Unidos e outros países aliados, seguiram batendo na repetida tecla de que Israel tem o “direito de se defender”, posição que ignora os sucessivos ataques militares e através de colonos contra civis e propriedade palestina, além de prisões em massa e assalto acelerado de terras palestinas, agora exacerbados pelo governo Netanyahu/Gvir..

A vista grossa diante dos crimes da ocupação israelense, alerta Riyad Mansour, faz com que “as mensagens sobre o ‘direito de Israel de se defender’ sejam interpretadas por Israel como licença para matar”. Ele citou que os bombardeios de Israel contra Gaza ocorridos nos últimos dias já mataram centenas de civis palestino. “Isso trará segurança? Isso vai avançar rumo à paz?”, questionou.

“Não é este o momento de deixar Israel ir fundo em suas terríveis escolhas. Este é o momento de dizer a Israel que finalmente mude o seu curso.  De que há um caminho para a paz. Com o qual nem os palestinos, nem os israelenses sejam mortos”, argumentou.

“Onde está a proteção internacional à qual o povo palestino tem direito quando a potência ocupante viola a Lei Internacional e violenta aqueles que ela tem o dever de proteger?”, voltou a questionar Mansur.

“As vidas dos palestinos, das crianças palestinas nos territórios ocupados poderiam ter sido salvas. Não é isto uma obrigação legal e moral e uma contribuição para a paz?”, disse referindo-se à justa pressão internacional para que Israel respeite as resoluções da ONU.

“Por que nada é feito quando os mortos são palestinos?”, cobrou.

Na avaliação da representação palestina na ONU, “precisamos pensar com seriedade sobre qual projeto queremos ver prevalecer desde aqui”.

“Se isso é sobre vingança, então muitos palestinos sentirão que têm muito a vingar. Se isso é sobre paz, então o caminho na direção dela não é entrincheirar ainda mais a opressão e a ocupação, mas ir terminando com elas”, afirmou.

“Vocês não podem dizer que ‘nada justifica matar israelenses’ e, depois, fornecer justificativas para matar palestinos. Não somos subhumanos. Nunca vamos aceitar a retórica que danifica nossa humanidade e tira os nossos direitos”, prosseguiu.

“A materialização de nosso direito à autodeterminação é o único caminho para compartilharmos segurança. Nós escolhemos o caminho da paz para alcançarmos os nossos direitos, mas Israel continua a usar força cega contra vidas palestinas e direitos palestinos”, concluiu.

Netanyahu determinou que fosse impedida a entrada de alimentos e cortou o fornecimento de água e energia para a Faixa de Gaza. Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, denuncia tais medidas como crimes de guerra.

Israel também avisou o Egito que vai bombardear os caminhões que levam suprimentos para a Faixa de Gaza.

Fonte: Papiro