Luciana Santos e Daniel Filmus, ministros da Ciência e Tecnologia do Brasil e da Argentina, e a presidente do CNEA Adriana Serquis | Foto: Luara Baggi

O Brasil e a Argentina assinaram nesta sexta-feira (6) um acordo bilateral de cooperação na área de energia nuclear que permitirá avançar na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó (SP). O acordo foi assinado durante a visita da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, à Argentina.

“A autonomia nessa área é fundamental, considerando as diversas aplicações na pesquisa e na saúde, mas sobretudo na grande demanda por radioisótopos na medicina nuclear para o tratamento de enfermidades e para exames de diagnóstico”, diz o documento.

De acordo com o ministério de Ciência e Tecnologia, a Argentina é parceira estratégica do Brasil no desenvolvimento do RMB, e o acordo prevê a construção de nova planta de produção de radioisótopos, associada ao RMB.

“A Argentina tem competência reconhecida internacionalmente no desenvolvimento de plantas de produção de radioisótopos, e queremos contar com essa experiência na construção do nosso Reator Multipropósito Brasileiro”, declarou a ministra Luciana Santos.

A cooperação nuclear faz parte da aliança estratégica entre Brasil e Argentina relançada pelo presidente Lula durante viagem ao país vizinho em janeiro.

“Para alcançarmos a soberania em área tão estratégica, necessitamos de um planejamento com ações de curto, médio e longo prazo e de parcerias que complementem as expertises de cada país”, manifestou a ministra brasileira.

Com o RMB o Brasil poderá se tornar autossuficiente na produção de radioisótopos e radiofármacos, possibilitando diagnósticos mais precisos e tratamentos de doenças como o câncer, além de aplicações em problemas cardíacos, entre outras.

O acordo prevê a implantação de uma nova planta de fabricação de radioisótopos e estabelece a contratação da empresa argentina Invap para dar sequência ao projeto. O valor do contrato é de R$ 12 milhões.

RMB

O RMB será o mais importante centro de pesquisa brasileiro para aplicações da tecnologia nuclear em benefício da sociedade. Com investimentos previstos no valor de R$ 1 bilhão até 2026, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A iniciativa está incluída no Novo PAC.

Além da planta de produção de radioisótopos, a parceria com Argentina envolve projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento e ações que beneficiarão toda a cadeia produtiva da indústria nuclear nos dois países.

O Memorando de Entendimento foi firmado pelos presidentes da Comissão Nacional de Energia Nuclear do Brasil (CNEN), Francisco Rondinelli Júnior, e da Comissão Nacional de Energia Nuclear da Argentina (CNEA), Adriana Serquis.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação da Argentina, Daniel Filmus, comemorou a cooperação bilateral. Ele citou as áreas prioritárias de atuação dos dois países, como o SABIA-Mar, e também mencionou o Centro Latino-Americano de Biotecnologia (CABBIO) e as recentes notícias de que Argentina foi selecionada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para realizar vacina de RNA mensageiro. “Queremos iniciar um satélite meteorológico latino-americano junto com o Brasil e com o apoio de mais países da região”, declarou Filmus.

Fonte: Página 8