Bombas de Israel lançadas contra prédios em Gaza no sábado (7) | Foto: Mahmud Hams/AFP

O Partido Comunista de Israel (PCI) advertiu que “os crimes do governo fascista de direita de Israel, destinados a manter a ocupação, estão conduzindo a uma guerra regional” e exortou a “deter a escalada”.

O PCI expressou suas condolências “às famílias das vítimas da ocupação – tanto árabes como judeus”, após reiterar sua “condenação inequívoca de qualquer ataque a civis inocentes”. O partido apelou a todas as partes a “retirarem os civis do ciclo de violência”.

O PCI “considera o governo fascista de Israel responsável pela escalada extremamente perigosa das últimas horas, que custou a vida a muitos civis inocentes”, enfatiza o comunicado divulgado em Haifa no sábado (7).

Os comunistas israelenses denunciaram que “na semana passada, os colonos apoiados pelo governo causaram estragos nos territórios ocupados, profanando Al-Aqsa e fazendo pogrom nas ruas de Huwara”.

“Desde esta manhã, assistimos a uma grave escalada das hostilidades que correm o risco de se transformar numa guerra regional. A ameaça de tal guerra foi persistentemente alimentada pelas ações deste governo de direita desde o seu primeiro dia”, afirma o comunicado.

O PCI advertiu que “os acontecimentos de hoje indicam a direção perigosa para a qual Netanyahu e os seus parceiros no governo estão conduzindo toda a região”.

“Sublinhamos que é impossível ‘gerir’ o conflito ou resolvê-lo militarmente. Só há uma solução – lutar para acabar com a ocupação e reconhecer os direitos legítimos do povo palestino e as suas justas reivindicações”, afirma o PCI. “Acabar com a ocupação e instaurar uma paz justa é o interesse claro de ambos os povos”, acrescenta.

O PCI alertou que o governo de Netanyahu está “usando os acontecimentos para lançar um ataque vingativo contra a Faixa de Gaza e apela à comunidade internacional e aos Estados vizinhos para que intervenham imediatamente para silenciar o rugido dos tambores de guerra e iniciar uma solução política”.

O partido também manifestou sua preocupação com possíveis “ações de retaliação contra cidadãos palestinos em Israel, especialmente os que vivem nas cidades comuns e nas aldeias não reconhecidas de Al-Naqab/Negev”. Estes últimos – destaca – já pagaram um preço elevado pela negligência com que o Estado os trata.

“Perante esta realidade, as forças sãs em Israel, tanto judeus como árabes, devem erguer uma voz clara contra qualquer tentativa de incitar à violência contra grupos ou de fazer justiça pelas próprias mãos”, conclamou o PCI.

Concluindo, o partido chamou a “promover atividades conjuntas que lutem por uma vida normativa sem ocupação, discriminação ou superioridade étnica”. “Devemos lutar pela paz, pela igualdade e pela verdadeira democracia para todos.”

O agravamento do conflito na Terra Santa ocorre 30 anos após os acordos de Oslo – sem cumprir a promessa dos “Dois Estados”-, depois de 56 anos de negativa de Israel respeitar a resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, 50 anos depois da Guerra do Yom Kippur, 36 anos depois da primeira Intifada, 21 anos depois da proposta da Iniciativa de Paz Árabe encabeçada pela Arábia Saudita e três anos após os Acordos de Abraão articulados com o governo Trump para oficialização do apartheid.

E 49 anos após a histórica presença de Yasser Arafat na Assembleia Geral da ONU e reconhecimento da OLP como a representante do povo palestino e 32 anos após o assassinato do primeiro-ministro israelense signatário de Oslo, Yitzak Rabin, por um supremacista judaico.

São também 56 anos de negativa de Israel de cumprir a determinação da ONU contra os assentamentos de colonos em terra Palestina, que não passam de roubo de terra, sob a lei internacional. E faz seis anos que relatório de direitos humanos da ONU classificou como apartheid a situação dos palestinos sob a ocupação israelenses.

E 75 anos desde a partilha da Terra Santa. Neste domingo (8), o atual conflito entrou no segundo dia.

O último balanço das autoridades indica que ao menos 920 pessoas morreram, sendo 600 em Israel, 313 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia. São milhares os feridos. Por iniciativa do Brasil, o Conselho de Segurança da ONU se reúne para deter a escalada. A convite do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, chegou a Moscou para conversações.

Fonte: Papiro