Imagem: Bancários RJ

A redução da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, para 12,75% ao ano, na última quarta-feira (20), fez com que a Caixa e o Banco do Brasil anunciassem a redução das taxas de juros praticadas em suas linhas de crédito. O movimento também ocorreu quando o Copom reduziu a Selic em agosto.

A presidente da Caixa, Rita Serrano, anunciou no X (Twitter) a medida: “O banco irá garantir novas oportunidades e taxas de juros ainda mais baixas. Esse é um passo positivo para que a CAIXA siga cumprindo seu papel, impulsionando a economia e impactando positivamente a geração de empregos e o desenvolvimento social do país.”

Conforme informado pela Caixa, as novas taxas praticadas são:

  • No consignado, as taxas são a partir de 1,25% a.m. e variam conforme o convênio.
  • Nas operações de capital de giro, novas taxas a partir de 0,99% a.m. para micro e pequenas empresas (MPEs). Para as de maior porte, as taxas são a partir de CDI + 0,25%a.m.
  • Para investimento, as taxas são a partir de CDI + 0,29%a.m.

Segundo consta, a taxa média de juros chega a 1,55%, antes era de 1,61% (redução de 0,06%). Já a redução para 0,99% a.m. representa um corte de 0,22%.

Já no Banco do Brasil consta que a redução chegará a 0,04% por mês no consignado do INSS, indo de 1,75% para 1,71% o piso e o teto de 1,89% para 1,85% ao mês. No consignado público a taxa inicia em 1,19% ao mês e no crédito estruturado em 1,21% a.m.

Avaliação

De acordo com Augusto Vasconcelos, vereador (PCdoB) da cidade de Salvador (BA), ouvidor-geral da Câmara Municipal e presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, a redução feita pelos bancos púbicos como consequência do corte de 0,5% da Selic é bem-vinda e pode estimular o aumento do consumo. Apesar da notícia, pondera que é necessário que a escalada da redução se intensifique nos próximos meses e por outros bancos.

“Juros mais baixos estimulam a economia como um todo, facilitam o acesso ao crédito e diminuem o endividamento da população. As medidas adotadas pela Caixa e Banco do Brasil devem ser acompanhadas pelos demais bancos e temos que cobrar por isto”, afirma.

Augusto Vasconcelos. Imagem: Facebook

Nesse sentido, Vasconcelos destaca a importância de bancos públicos fortes. “Nos momentos em que a sociedade mais precisa são os bancos públicos os primeiros a promoverem a redução de juros e tarifas e alongar prazos de pagamentos. O que é benéfico para a sociedade e muitas vezes não ocorre com bancos privados, que apenas visam o lucro, pois a lógica de mercado muitas vezes dificulta a adoção dessas medidas”, diz.

Para o vereador, os bancos, públicos e privados, devem ajudar a alavancar os projetos de desenvolvimento a longo prazo, com juros mais baixos e taxas de administração mais compatíveis com a capacidade de pagamento dos projetos, principalmente nas áreas de infraestrutura e logística.

No entanto, somente bancos públicos, em especial o BNDES, Caixa, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia atuam nesse sentido.

“Os bancos privados também deveriam colaborar com esta missão, mas como não podemos ficar reféns dos interesses de mercado, temos que fortalecer os bancos públicos que, nos últimos anos, passaram por um verdadeiro desmonte, mas que agora tem a esperança de retomada de seu papel protagonista. Acredito que o financiamento de longo prazo, associado a uma visão estratégica de desenvolvimento regional pode ser a chave para o país voltar a crescer, gerar empregos e aumentar as oportunidades de trabalho. E isso tudo passa por juros mais baixos”, explica.

Redução da Selic

Para o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, o Banco Central demorou muito para promover reduções na taxa Selic.

“É necessário acelerar esta redução. Ainda seguimos como um dos países com a maior taxa de juros real do planeta, o que dificulta qualquer seguimento da economia, encarece o crédito, aumenta o endividamento público e inviabiliza a retomada do crescimento. As reduções podem sim ser ampliadas em percentuais mais altos. Acredito ser viável a redução em patamares de 1% a cada reunião do Copom, que se reúne a cada 45 dias, porque se forem de apenas meio por cento, como vem acontecendo, vai levar muito tempo para que o país tenha uma taxa de juros compatível com a realidade mundial”, critica Vasconcelos.

Augusto Vasconcelos em manifestação contra os juros altos. Março 2023. Imagem: Facebook Augusto Vasconcelos

Segundo ele, estamos em um cenário em que o país pode ter crescimento econômico com baixos índices inflacionários, por isso existe espaço para cortes maiores nos juros.

“Não se justifica a utilização da Selic para enfrentar a inflação. O que acontece na prática é que cada vez que a Selic fica mantida em patamares altos, mais o setor financeiro lucra em detrimento dos interesses da população, uma vez que 90% dos títulos da dívida pública estão nas mãos de fundos de investimento e grandes aplicadores do mercado, situação que acaba fazendo com que recursos públicos sejam destinados para os que já possuem muito dinheiro. Precisamos colocar esses recursos na produção, ajudando a indústria, o comércio, a agricultura, assim como fortalecer a geração de empregos no país. Defendo que na próxima reunião tenhamos uma redução mais significativa, de 1% da taxa Selic, ou até mais. Há espaço para este tipo de decisão”, completa.