Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira (20) a taxa básica de juros de 13,25% para 12,75% ao ano. Com o corte de 0,50 ponto percentual na Selic, o Brasil segue entre os maiores pagadores de juros reais do mundo, segundo um levantamento feito pelo MoneYou.

“Aos 12,75% aa, o Brasil cai à 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, caindo após 7 reuniões consecutivas na 1ª colocação e ficamos atrás de México e à frente de Colômbia, Chile e África do Sul”, destacou o Portal MoneYou.

Descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses, os juros reais no Brasil estão em 6,40%, superando em léguas a taxa média de juros reais de 1,06% entre os 40 países listados no ranking mundial de juros reais. 

Como no último comunicado de agosto, o Copom voltou a defender a preservação do arrocho monetário que na prática está jogando para baixo as principais atividades econômicas do país.

Em se confirmando o cenário esperado [de desinflação e ancoragem das expectativas em torno da meta de inflação], os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário“, diz o Copom em nota, sinalizando que a redução continuará a conta-gotas.

Como se o processo “desinflacionário” tivesse a ver com os juros nas alturas impostos por Campos Neto durante um ano em 13,75%. A inflação está desacelerando e não tem nada a ver com os juros altos do BC, como afirmam inúmeros economistas, a inflação acelerou no Brasil não por demanda e sim pelos custos e pela política de preços dos combustíveis do governo anterior.

Sob efeitos dos juros altos, no segundo trimestre deste ano, a economia brasileira desacelerou, ao registrar um crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) ante o trimestre anterior (1,8%), um resultado alcançado por conta da Agropecuária.

No 2º trimestre, o Consumo das Famílias variou em alta de 0,9% e o Consumo do Governo cresceu 0,7% frente ao trimestre anterior, período em que registraram avanços de 0,7% e 0,4%, respectivamente. Já os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBC), ficaram paralisados no 2º trimestre, ao registrarem uma variação de crescimento pífio de 0,1%, após o tombo de -3,4% no 1º trimestre deste ano.

Em comparação com igual período de 2022, os investimentos recuaram 2,6% e, no semestre de 2023, ficaram -0,9% abaixo do pico que foi atingido no semestre de 2022.

Do lado da oferta, a indústria variou positivamente em 0,9%, com destaque para o baixo desempenho da indústria de transformação, alta de 0,3% frente ao trimestre anterior. No primeiro semestre, a indústria de transformação recuou -1,3% em relação ao 1º semestre de 2022.

Os Serviços, que alocam nas suas atividades também o comércio, variaram 0,6% na passagem do 1º semestre para o 2º trimestre. Nas mesmas bases de comparação, o Comércio praticamente não evoluiu, ao registrar 0,1% de crescimento no 2º trimestre.

Já no início do 3º trimestre, a produção industrial nacional, medida pelo IBGE, mostrou um recuo de 0,6% na passagem de junho para julho. As vendas do comércio (0,7%) e o volume de serviços (0,5%) não conseguiram sequer ultrapassar a barreira de 1% de crescimento no mesmo período.

No entanto, o fraco desempenho destas atividades é considerado pelo Banco Central de Roberto Campos Neto com uma “maior resiliência da atividade econômica”, segundo o comunicado do Copom, que “segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres”.

Assim, o Copom manifestou novamente que não tem pressa em reduzir a taxa de juros a níveis civilizados.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, manifestou no Twitter: “O processo de redução da maior taxa de juros do planeta começou tarde e não pode ser feito a conta-gotas, como indica o comunicado do Copom desta quarta-feira. O Brasil perdeu tempo demais com uma política monetária errada, imposta por um governo irresponsável e um BC sem compromisso com o país. O país tem pressa e precisa voltar urgentemente à normalidade”.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, “a redução da Selic é necessária, não compromete o processo de combate à inflação e evita mais restrições à atividade industrial”. Segundo ele, “nos primeiros sete meses do ano, o crédito recuou 5%, na comparação com o mesmo período do ano passado”.

A CNI ressalta que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois primeiros trimestres de 2023 “indicam desaceleração da economia”. Em nota a entidade da indústria destacou que “a produção industrial de bens de capital caiu 16,9% em julho de 2023 na comparação com julho de 2022 e, na mesma base de comparação, a produção de bens de consumo caiu 0,7%, o que coloca em dúvida a manutenção do ritmo de crescimento da atividade econômica nos próximos meses”.

Fonte: Página 8