Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Ex-ajudantes de ordens e outras pessoas próximas de Jair Bolsonaro tiveram “movimentações atípicas” em suas contas bancárias que somam R$ 26,7 milhões entre 2020 e 2023, apontam relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal.

As informações, relativas somente às contas correntes, foram entregues pelos órgãos à CPMI do 8 de janeiro e compiladas pelo g1.

As movimentações dos ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro superam entre 15 e 59 vezes os salários que eles recebiam oficialmente. Esses ex-assessores movimentaram R$ 22,4 milhões entre 2020 e 2023.

Esses valores e movimentações atípicas podem ser indício, segundo os órgãos de fiscalização, da prática de lavagem de dinheiro. Além disso, podem indicar a prática de “rachadinha” na Ajudância de Ordens de Bolsonaro.

Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens, que fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, teve a maior movimentação entre todos. Entre entradas e saídas, ele movimentou R$ 13,5 milhões em suas contas bancárias.

Essa movimentação é incompatível com seu salário no período, que era de R$ 23,8 mil. Isso significa que Mauro Cid movimentava um valor 19 vezes maior do que seu salário.

Luis Marcos dos Reis, que também era ajudante de ordens de Bolsonaro, recebia um salário de R$ 7 mil, mas movimentou R$ 5 milhões entre 2020 e 2023.

No primeiro semestre de 2023, dos Reis movimentou R$ 635 mil. Seu salário nesse período foi 15 vezes menor do que a movimentação.

A movimentação nas contas de Osmar Crivelatti, outro ajudante de ordens investigado no caso da venda de joias nos Estados Unidos, foi de R$ 2,6 milhões entre 2020 e 2023.

Somente em 2023, Crivelatti movimentou R$ 884 mil, valor que corresponde a 59 vezes seu salário. Como indicou o g1, “é como se, em seis meses, ele tivesse recebido o salário correspondente a cinco anos de trabalho”.

O pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Mauro Lourena Cid, que atuou como “laranja” de Jair Bolsonaro no esquema de venda de joias, teve uma movimentação de R$ 3,9 milhões entre 2021 e 2023.

Os relatórios do Coaf e da Receita Federal ainda citam como “movimentações atípicas” aquelas nas contas dos ex-ajudantes de ordens Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira, Jairo Moreira da Silva e Adriano Alves Teperino.

Os parentes de Michelle Bolsonaro, Antonio Braga Firmo Ferreira e Maria Helena Graces de Moraes Braga, também foram indicados.

Os órgãos explicaram que movimentação atípica pode ter sido identificada por diversos aspectos, como o montante movimentado, a quantidade e a periodicidade de saques, a movimentação de grandes quantias em contas geralmente paradas, transferências unilaterais, entre outros.

O Coaf, nos relatórios enviados à CPMI, destacou que o grupo investigado tinha o costume de fazer transações entre si, muitas vezes em valores superiores aos salários, o que pode ser indício de uma ilegalidade. O montante transferido entre os membros do grupo foi de R$ 171,4 mil.

O ex-chefe da Ajudância de Ordens, Mauro Cid, foi o maior beneficiário das transferências. Ao todo, ele recebeu R$ 130,4 mil. Cid transferiu para os colegas R$ 20,5 mil.

A maior transferência foi de Luis Marcos dos Reis para Mauro Cid, no valor de R$ 72,9 mil. Segundo dos Reis, o valor era referente a venda de um carro.

Em seguida vem a transferência de R$ 38 mil de Mauro Lourena Cid para seu filho, Mauro Cid. Outros R$ 17 mil foram enviados de Jairo Moreira da Silva para Mauro Cid.

Fonte: Página 8