A ONU diz que pelo menos 11.300 pessoas morreram e 10.100 estão desaparecidas em Derna | Foto: AFP

A Rússia anunciou neste domingo (17) ter enviado 35 especialistas em emergência médica e ajuda humanitária para o leste da Líbia, região atingida por inundações sem precedentes. Moscou informou ter enviado também um hospital móvel com blocos operatórios e uma unidade de cuidados intensivos.

No sábado (16), equipes russas já tinha partido com as ferramentas necessárias para busca e resgate, meios flutuantes, equipamentos de mergulho, cães farejadores e hospital aeromóvel começaram a chegar à Líbia para ajudar as vítimas da inundação devastadora que aflige o país africano. Autoridades locais e organizações internacionais alertam para a contaminação e a falta de bens essenciais que, agravando a crise sanitária, podem proliferar epidemias.

“Os primeiros 50 especialistas do Ministério para Situações de Emergência da Rússia chegaram à Líbia. Especialistas russos do Centro Líder irão à cidade de Derna para operações de busca e resgate”, informaram as autoridades, registrando a magnitude da catástrofe.

Segundo a ONU, pelo menos 11.300 pessoas morreram e 10.100 continuam desaparecidas em Derna, mas as organizações humanitárias no terreno receiam que o número de mortos seja muito superior. Após a violenta chuva ter caído no nordeste da Líbia e provocado o rompimento de duas barragens próximas à Derna, de 125 mil habitantes, fazendo com que em apenas 90 minutos a água despencasse como uma avalanche e levasse tudo para o mar.

A ausência de investimentos em obras de infraestrutura e, sobretudo, a destruição do estado nacional líbio pelos bombardeios da Otan em 2011 – com o assassinato do líder Muammar Kadafi -, sob o comando do então presidente Obama, deixaram o país decapitado desde então.

O resultado é que a outrora soberana e independente Líbia virou um país fragilizado e praticamente ilhado, mergulhado numa guerra civil. Agora, além de solidariedade como a do governo russo, resta contar com ajudas de vizinhos como do Egito (leste), Sudão (sudeste), Chade e Níger (sul), e Argélia e Tunísia (oeste).

O chefe da divisão de emergência médica do governo líbio, Salem Hasan Muhammad, disse que os primeiros especialistas ficarão em Derna, área costeira e montanhosa, onde faltam equipes de resgate e meios técnicos para operações de busca, uma vez que grande parte das vítimas está no mar.

O chefe da autoridade de Emergência e Ambulâncias da Líbia, Osama Aly, informou que no caso do rompimento das barragens “toda a água foi para próximo à Derna”.

Conforme a Organização Internacional para as Migrações, pelo menos 30 mil pessoas foram deslocadas, já que é cada vez mais caótica a situação dos sobreviventes em meio aos escombros.

“Contei pelo menos 200 corpos nos dois últimos dias que foram levados à costa. Eram corpos que estavam em edifícios, engolidos pelo mar e empurrados de volta para a costa”, descreveu o ativista Mohammad Shteiwi, que foi até Derna para ajudar nas operações de busca.

Na avaliação do responsável pela delegação da Cruz Vermelha na Líbia, levará “muitos meses, talvez anos” para que os residentes se recuperem do impacto da catástrofe.

Fonte: Papiro