“Esse é um governo de fantoches. Chega!”, disse Jindrich Raich, líder do partido PRO | Foto: Twitter

Manifestantes ocuparam neste sábado (16) as ruas de Praga, capital da República Checa, a partir da Praça de Venceslau, em repúdio à política do governo de apoio militar à Ucrânia e de respaldo para Kiev entrar na Otan. A multidão igualmente condenou a submissão às sanções dos EUA – apoiadas pela UE – que fizeram disparar a inflação a partir do veto ao gás e petróleo russos.

“Hoje demos mais um passo para tirar do caminho a rocha que é o governo do senhor [primeiro-ministro Petr] Fiala […] eles são agentes de potências estrangeiras, pessoas que cumprem ordens, fantoches comuns. E eu não quero mais um governo fantoche”, disse à multidão Jindrich Raichl, líder do novo partido extraparlamentar PRO (Právo Respekt Odbornos/Direito ao Respeito da Existência), neste sábado, 16, acrescentando que o país deveria vetar qualquer intenção da Ucrânia de se unir à Otan.

A República Checa, membro da União Europeia (UE) e da Otan, apoia Kiev desde o início do conflito em Fevereiro de 2022, tanto militarmente, mediante a entrega de armamento, como com outras medidas, incluindo servir de retaguarda para várias operações.

Rajchl considerou a ministra da Defesa checa, Jana Cernochova, que encabeça o apoio à Kiev, como “a maior ameaça à segurança nacional”.

SANÇÕES PROVOCAM CRISE

Os manifestantes exigiram também medidas contra o forte aumento dos preços e acusaram o Executivo de se preocupar mais com a Ucrânia do que com a situação que enfrentam os checos.

Antes das sanções, a República Checa obtinha 90% do seu gás e 50% do seu petróleo da Rússia. Depende agora do fornecimento de gás da Alemanha, que cobra preços altíssimos. A própria Alemanha está no meio de uma enorme crise energética.

Os preços da eletricidade na República Checa estão entre os mais elevados da Europa e levam à falência um grande número de pequenas e médias empresas. A taxa de inflação oficial do país foi de 17,5% em Junho e deverá ultrapassar os 20% até ao final do ano, segundo o Banco Nacional Checo.

Marcela Hajkova, uma mãe de três filhos participante da concentração, condenou a ajuda militar do governo à Ucrânia. “Não somos um país soberano, obedecemos Bruxelas e aos EUA. Por que enviar armas para a Ucrânia, por que não lutam pela paz?”

Segundo o partido PRO, organizador do protesto, cerca de 100 mil pessoas compareceram à mobilização.

Fonte: Papiro