Lula quer sustentabilidade com olhar social, econômico e ambiental
Na última etapa de sua viagem pela África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, neste domingo (27), da 14ª Conferência de Chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe. Lula falou sobre os desafios da juventude frente à crise climática — tema do evento — e às transformações do mercado de trabalho e defendeu que a sustentabilidade deve considerar as dimensões social, econômica e ambiental. Além disso, dois acordos bilaterais foram assinados.
“É muito oportuno retornar a São Tomé e Príncipe para tratar de um assunto que nos une. Falar de juventude e sustentabilidade, tema desta 14ª Cúpula da CPLP, é falar de futuro. Quando eu era jovem, os dilemas da minha geração pareciam ser mais simples. As novas gerações vivem com as incertezas de um mercado de trabalho que se transforma, com o desemprego e a precarização que alcançam novos patamares. É importante recorrer à própria juventude para entender essa nova realidade”, disse Lula durante o evento.
Lula destacou, ainda, que “os jovens da CPLP já nos alertavam que a mudança do clima colocaria em xeque o futuro do planeta. Para que eles tenham esperanças de um futuro melhor, a sustentabilidade tem de ser promovida, desde agora, nas suas três dimensões: a social, a econômica e a ambiental. Sem alimentação adequada não há perspectiva de uma vida digna”.
O presidente também apontou que, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, “podemos nos orgulhar do nosso trabalho conjunto na promoção da segurança alimentar e nutricional, na educação e intercâmbio entre nossos países. Mas formar a nossa juventude não é suficiente. Com as mudanças no mundo do trabalho, vivemos o desafio de dinamizar nossas economias garantindo trabalho digno, salário justo e proteção aos trabalhadores e trabalhadoras”.
Acordos firmados
Quanto aos acordos assinados durante a viagem, um diz respeito à cooperação e à facilitação de investimentos entre a República Federativa do Brasil e a República Democrática de São Tomé e Príncipe. O outro é um memorando de entendimento entre o Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, cooperação e comunidades da República Democrática de São Tomé e Príncipe.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa é formada por Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e o asiático Timor Leste. O português é a oitava língua mais falada do mundo, com mais de 263 milhões de pessoas, segundo a o Ethnologue.
Oficialmente criada em 1996, a CPLP busca e integração desses povos. Desde então, foram realizadas 13 conferências de chefes de estado e de governo, sendo a última em 2021. A edição desse ano vai transmitir a presidência da CPLP de Angola para São Tomé e Príncipe, que assume a Comunidade no biênio 2023-2025 com o tema Juventude e Sustentabilidade.
Segundo informou o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e de Oriente Médio do Brasil, a comunidade “é um espaço de discussão entre os países de língua portuguesa e um foro interessante, na medida em que há, muitas vezes, apoio mútuo na candidatura desses países para foros internacionais”.
O presidente Lula e a delegação brasileira vão embarcar de volta para o Brasil durante a tarde deste domingo.
Com agências