Enterro do poeta Pablo Neruda, a primeira manifestação contra a ditadura imposta por Pinochet | Foto: Evandro Teixeira

Nos 50 anos do sanguinário golpe pinochetista no Chile, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, na capital, Santiago, exibe a exposição fotográfica “Evandro Teixeira Fotoperiodismo y Dictadura – Brasil 1964/Chile 1973”, com trabalhos do respeitado fotógrafo brasileiro que esteve no país andino dez dias após o golpe, para o Jornal do Brasil.

Teixeira, Flavio Dino, ministro brasileiro da Justiça e Segurança Pública, e Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, foram a Santiago para a inauguração, no domingo (10). A programação do Museu está voltada para “preservar a memória e combater as ondas crescentes de negação e esquecimento”.

O museu foi aberto em 2010 por recomendação da Comissão Verdade e Reconciliação, tendo como compromisso central oferecer respostas às famílias das vítimas, preservar seus relatos e possibilitar à sociedade chilena o debate e o não-esquecimento dos crimes cometidos sob o regime Pinochet.

Para o ministro Dino, faz-se necessário um museu como esse no Brasil. “O exercício da memória é um exercício de coerência, com a luta democrática e popular. É um exercício de coerência com a luta contra o fascismo. Nós devemos ao Brasil e vamos pagar essa dívida: um Museu da Memória, da Verdade e dos Direitos Humanos no nosso país”, destacou.

A seção sobre o dia “11 de setembro” apresenta imagens e vídeos sobre o bombardeio ao Palácio La Moneda, sede do governo chileno, e o icônico discurso de Allende em que o presidente prevê que “de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passara o homem livre, para construir uma sociedade melhor”. Outra data crucial, o dia do “Não”, o referendo em que o povo chileno decidiu dar fim a ditadura, também é mostrada através dos telejornais da época.

Entre as 40 fotos da mostra de Teixeira, está o registro da morte do poeta, Pablo Neruda, agraciado com o Nobel de Literatura, comunista e opositor ao regime ditatorial. A entrada do museu é feita por uma Esplanada, em cuja parede lateral os 30 artigos da declaração universal dos direitos humanos estão gravados. Há também um terminal com um mapa interativo de todos os memoriais existentes no Chile referentes à trajetória da ditadura no país, assim como os repositórios de documentação digital acessíveis online sobre as temáticas de direitos humanos e ditadura.

Fonte: Papiro