Em marcha com tochas, nazistas exaltam o criminoso Bandera | Vídeo

O embaixador da Polônia em Kiev, Bartosz Cichocki, criticou o governo ucraniano por construir monumentos homenageando fascistas responsáveis pelo assassinato de milhares de civis durante a Segunda Guerra Mundial, como Stepan Bandera.

Em entrevista à BBC, Cichocki foi questionado sobre “o que está faltando” para encerrar a discussão sobre casos como o Massacre de Volyn, quando mais de 100 mil civis foram assassinados por grupos ucranianos que se aliaram à Alemanha nazista.

“Você diz que a guerra não é hora de lidar com os mortos. Mas posso responder-lhe: a guerra também não é o momento para erguer monumentos aos criminosos e dar-lhes nomes às ruas”, apontou.

O embaixador explicou que a Polônia tem feito à Ucrânia pedidos para realizar buscas, exumações e novos sepultamentos daqueles que foram assassinados por grupos como a UPA (o denominado Exército Insurgente Ucraniano), mas não tem tido sucesso.

“É errado na nossa cultura cristã quando os entes queridos não podem rezar nos túmulos dos seus antepassados brutalmente assassinados, quando não conseguem encontrá-los e enterrá-los e, ao mesmo tempo, erguer monumentos aos seus assassinos”, afirmou Bartosz Cichocki.

Desde o golpe de 2014, um movimento de revisionismo histórico tem se fortalecido na Ucrânia, focado em converter em heróis aqueles que se aliaram aos nazistas para realizar um genocídio contra populações polonesas.

Diversas estátuas em homenagem a Stepan Bandera e outros membros dos grupos fascistas têm sido erguidas na Ucrânia, especialmente em Kiev e outras cidades na porção ocidental do país, ao mesmo tempo em que livros didáticos foram alterados e outros, que denunciam os crimes dos colaboracionistas, foram banidos.

“Muitas vezes ouço quando um monumento a Stepan Bandera é inaugurado em algum lugar e os poloneses ficam indignados com isso – dizem que são os poloneses que estão espalhando esse assunto. E por que ninguém pergunta a quem abre este monumento por que o faz?”, questionou o embaixador Bartosz Cichocki.

Para ele, “é natural” que se volte a discutir os genocídios que ocorreram na Segunda Guerra Mundial nas datas marcantes, mas ainda mais quando o Estado ucraniano realiza homenagens aos assassinos.

“Quando as celebrações são organizadas na Ucrânia com gastos públicos em homenagem a pessoas ou organizações responsáveis pelas nossas vítimas, então este tema torna-se relevante, e é difícil esperar que os poloneses fiquem quietos sobre isso”, enfatizou.

“Sabem, posso pedir desculpa se derramar o café agora. E quando falamos de cem mil mulheres, crianças, idosos assassinados, não se trata de desculpas, mas de dizer a verdade sobre estas coisas e dar aos descendentes destas pessoas uma coisa simples: a oportunidade de rezar nas suas sepulturas”, continuou.

O embaixador defendeu que a Polônia e a Ucrânia deveriam pensar uma forma de abordar esse problema.

“Partimos do fato de não restringirmos o acesso dos descendentes das vítimas ucranianas às operações de busca, aos enterros, não proibimos a exibição de filmes, a publicação de livros e não erigirmos monumentos aos criminosos. E esperamos o mesmo do lado ucraniano”, destacou.

Fonte: Papiro