Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Trabalhadores em aplicativos protestaram, na tarde de terça-feira (12), em frente ao Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília. A categoria reivindica melhores salários e condições de trabalho, e sinaliza uma greve nacional a partir do próximo dia 18, caso não tenha uma resposta satisfatória das empresas do setor.

Os trabalhadores também cobram do Ministério mais agilidade na regulamentação da profissão, que está sendo negociada entre o governo, os representantes da categoria e as empresas de aplicativos como Uber, iFood, Amazon, Zé Delivery, Rappi, Americanas e 99, entre outras, representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).

Após o protesto, representantes da categoria participaram de mais uma reunião de trabalho tripartite no Ministério do Trabalho e, mais uma vez, saíram insatisfeitos.

“Nós saímos do GT agora no final da noite. Na parte dos motoboys e dos motoentregadores, não teve acordo nenhum. Todas as propostas apresentadas pelas empresas são inviáveis, não tem como embarcar não”, afirmou o presidente do SindimotoSP e do Conselho Nacional de Motofretistas, Motoentregadores, Motoboys e Entregadores Ciclistas

Participaram do protesto representantes do Conselho Nacional dos Sindicatos de Motoboys e Motoentregadores, da Aliança Nacional dos Motoboys e Motoentregadores, do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Distrito Federal, a Associação dos Motofretistas Autônomos do DF (Amae-DF), além de sindicatos da categoria de diversas regiões do país e centrais sindicais.

Os trabalhadores querem um pagamento mínimo de R$ 35,00 a hora disponível para o aplicativo, no caso dos motociclistas, e de R$ 29,00 para os ciclistas. A proposta das empresas varia entre R$ 10,20 a R$ 12 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7 para ciclistas por hora trabalhada. Ou seja, de entrega efetiva.

“As empresas de aplicativos continuam fugindo de suas responsabilidades sociais com milhões de entregadores em todo Brasil que, na realidade, não são autônomos e sim trabalhadores em situação de precarização e escravização”, afirmou em comunicado a Federação Brasileira dos Motociclistas Profissionais.

Segundo o diretor da Amae-DF, Diego Dutra, “a precarização das condições de trabalho e salários atravessa a vida dos trabalhadores. E de certa forma, no limite, coloca a nossa vida em risco”. “Queremos ter direito a um dia de descanso por semana. Hoje trabalhamos 16h, 18h todos os dias. Os lanches que entregamos têm seguro. E não há seguro para a gente”, afirma Dutra.

Segundo as lideranças, a renda por hora de trabalho logada nos aplicativos caiu 53,60% depois da popularização dos aplicativos, de R$ 22,90 em 2013 para R$ 10,55 em 2023.

O diretor da Amae-DF, Eduardo Couto, conhecido como Du Colt, diz que a proposta apresentada até agora pelos aplicativos nas reuniões mediadas pelo governo, é “um tapa na cara”. “O governo e as empresas estão nos empurrando com a barriga. Este é o último protesto. Se não recebermos uma proposta aceitável, dia 18 vai ter paralisação nacional. Vamos começar a brecar tudo, sem data para voltar”, afirmou.

Fonte: Página 8